MODOS DE FALAR
Quando eu hoje de manhã descia a 1º de Dezembro para ir ao Mercado Municipal à loja da comida dos animais, encontrei a minha cunhada Francelina. Os cumprimentos da praxe, as palavras de conveniência habituais e ela perguntou-me se eu ia descer a rua. Disse-lhe que sim. Que ia à praça.
Cruzava-se connosco uma mulher mais ou menos da minha idade que a forma de vestir não desmentia, era da Nazaré. O rosto estava marcado pelas noites nas lojas de peixe da Ribeira. Daí que até talvez fosse mais nova que eu. Ela olhou para mim e com ar trocista corrigiu-me. Mercado, diz-se mercado! Não é praça.
Respondi-lhe que era um hábito que me ficou agarrado à pele. Dizer praça. E ela tornou a corrigir-me lançando-me um repto a que não pude de todo argumentar: “- Ah home! Diz à moderna. Diz à moderna.”
Enquanto me dirigia ao meu destino ia pensando nisto. A língua é definitivamente um ser vivo que se vai adaptando aos tempos. Recusar esta evidência é condená-la ao esquecimento e ao exílio.
Quando se verifica o desaparecimento do interesse pela Língua Francesa nas escolas e uma aprendizagem em crescendo do Espanhol, isto não acontece por acaso. O Francês que era sinónimo de cultura e de Universalidade foi decaindo em importância. Por outro lado escolas e professores tornaram-na desinteressante e enfadonha. A língua Inglesa tornou-se uma paixão global para poder ter acesso à Música e à cultura anglo-saxónica. Para poder lidar com a Net.
O espanhol surge depois da invasão dos produtos dos supermercados. E da resposta à falta de empregos para gente qualificada no nosso país. E das boas campanhas de marketing que “nuestros hermanos” têm lançado.
Só tenho pena se Ferrelês e o Nazarêz desaparecem. Peniche e esta região perderiam a graça toda.
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