quarta-feira, abril 11, 2012

A APATIA
Morde-nos os calcanhares e os cérebros. Pelas escolas grassa o desencanto de alunos, funcionários e professores. Por esta ordem ou pela inversa. Ouço falar de reformas antecipadas como se fossem a solução de todos os problemas. Os miúdos têm uma linguagem não descriptável para esconder medos e angústias. Os adolescentes e os adultos vão dedicando-se ao torpor ou à eforia que o álcool e os aditivos vão concedendo, conforme a quantidade de ingestão.
Por aqui, pelo burgo, pela santa terrinha, tudo vai rolando na doce quietude. As rendilheiras vão cortando nas saias de umas e de outras. Afinal quem tinha alguma coisa a amealhar com este “fait divers” já está forro. Agora já não há mais que coisinhas sem importância para entreter alguns incautos. Peniche é uma terra com o futuro comprometido por anos sucessivos de inércia.
Alguns dos seus melhores momentos têm a ver com pessoas que souberam transformar o presente em projecções para o o devir. Embora eu nunca tenha sabido criar pontes que me permitam ter saído pessoalmente da cepa torta, sinto-me feliz por ver amigos saírem da mediania. O que me custa é esta apatia generalizada. Este cinzentismo. Que permite a idiotas tornarem-se estrelas do ar que respiram.

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