OS FILHOS DA… ESCOLA
A notícia apareceu diluída entre outras páginas dos jornais. A possibilidade de logo a seguir ao 6º ano os alunos (poderem ?) optare(m) pela via profissionalizante. Os menos atentos a estas coisas dirão que é uma boa ideia, que permitirá encarar a possibilidade de se poder ter uma profissão adequada às necessidades do país e da região e criar uma mais-valia em defesa da família e do saber fazer.
Eu, que sou um macaco velho e sabidão, associo esta medida às turmas dos bons e dos maus alunos, às incapacidades financeiras de um grande número de famílias poderem ter filhos a estudar em actividades mais cognitivas e menos psicomotoras, em fornecer mão-de-obra para as empresas menos qualificada (logo menos reivindicativa) a preços baixos e competitivos.
Recordo a Reforma que o Estado Novo empreendeu pondo em causa todo o valor que a 1ª República lhe consagrou.
Recordo os “meninos dos liceus” protegidos pelos Senhores Reitores e os alunos das Escolas Comerciais e Industriais onde pontificavam os mestres e os Directores. Recordo crianças que aos 16 anos incompletos já serviam de carne para canhão nas OGMA ou na Hipólito. Ou faziam de moços de recados de comerciantes astutos até à altura de irem para a tropa, onde finalmente abriam os olhos e os ouvidos à custa das balas que viam e ouviam passarem-lhes ao lado.
Os filhos dos ricos estudavam, os filhos dos outros serviam de carne para canhão. Assim foi e parece que alguns saudosistas parecem querer fazer reviver. O actual Ministro da Educação não me inspira confiança social, ética e social. Vejo-o conivente com o miserabilismo. Não percebo onde está o seu espírito de Matemático. Não lhe reconheço as virtudes de um Bento de jesus Caraça, nem o saber social de um Albert Einstein. Não sei qual foi a escola dele. Ainda bem que não foi a minha.
PS: Mais uma vez não consegui ver em lado nenhum (erro meu?) a contestação da FENPROF a este propósito.
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