Quando com 16 anos fui tirar a Secção Preparatória aos Institutos Industriais na Escola Industrial Machado Castro (hoje já desactivada), ao fim de 3 meses já estava a morar em Campo de Ourique. Mudei várias vezes de quarto ao longo do tempo em que estudei em Lisboa, mas nunca de bairro.
CO era o que eu encontrava na grande cidade mais parecido com Peniche. Sobrevivia-se lá 3 meses sem sentir necessidade de outras paragens. É que naquele tempo saia-se de Peniche em Outubro para ir para Lisboa e regressava-se em Dezembro para as férias do Natal. Com sorte vínhamos a casa no Carnaval, na Páscoa e depois para as férias grandes.
Eu que me habituei desde sempre a estudar em cafés, fazia de “O Meu Café” a minha segunda habitação. Eu e o restante pessoal de Peniche.
É
claro que uma vez por outra, no início do mês, num fim-de-semana ou outro íamos
ver o Peniche quando jogava na Tapadinha ou na periferia de Lisboa, Sintra, Seixal,
Montijo, Cova da Piedade. Ou então numa 6ª Feira à noite íamos à Baixa comer
umas codornizes, íamos ao cinema, bebíamos umas cervejas no Parque Mayer e
depois regressávamos ao nosso Bairro, até que outro mês proporcionasse nova
aventura. Todo o trajecto era feito a pé. De Campo de Ourique à baixa e o mesmo
para o regresso.
Certos
dias (melhor dizendo, certas noites) o regresso fazia-se pela R. Saraiva
Carvalho e no Largo da Igreja de Stº Condestável, eu e um outro amigo de Peniche
que vivia na mesma casa na Tenente Ferreira Durão, terminávamos a cantar ao
desafio a incomodar os moradores e a tentar que os vapores do álcool bebido a
mais desaparecessem.
É
desse tempo que me ressoa a cantiga preferida desse meu amigo e que a recupero
hoje para aqui. Sinto a nostalgia de um tempo em que acreditávamos na utopia. E
tudo fazia sentido. Até a “Conceição”.
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