EUTANÁSIA:
- SIM OU NÃO?
Não sei.
Entendo os ps argumentos a favor do sim. Mas com a idade que tenho, recordo
experiências de eutanásia praticadas pelos nazis sob a batuta do Dr. Josef
Mengele que sempre me incomodaram e arrepiaram.
Compreendo
o direito a morrer. Aí cabe o suicídio. Camus e muitos outros, “Julgar se a vida merece ou não ser vivida,
é responder a uma questão fundamental da filosofia”.
Eu por mim
e em relação a mim próprio tenho muitas dúvidas sobre o que considero aceitável.
Nem sempre terei vivido com padrões que outros não considerarão de dignidade.
Mas eu na altura não só aceitei assumi-los como o desejei também. Já em relação
aos outros o caso aí muda de figura. Quando a minha mãe entrou em estado
vegetativo foram-me expostas as duas alternativas: ou não intervir e esperar o
fim ou alimentá-la por uma sonda e adiar dentro de determinados limites
temporais a sua morte. Eu e a minha mulher optámos por alimentá-la por sonda o
que não deixou de não ser uma violência. Mas ela não fez qualquer opção e eu
não quis assumir o papel da mãe natureza.
Por outro
lado o que dizem-me ainda me confunde mais. Estamos a falar de morte assistida
ou de eutanásia pura e simples? Falamos de algo que uma pessoa escolhe em
consciência quando ainda consegue fazer opções de forma racional? Mas, (lá vem
outra vez “O Drama de Jean Barois”),
e se a pessoa de forma interior se arrepende da sua escolha e já não tem forma
de a poder manifestar de forma a ser audível?
São muitos
ses…
O que me
ofende são os políticos que dizem falar em nome dos seus partidos mas sem nunca
terem consultado os seus militantes sobre este assunto. Ou os que falam em nome
do povo sem sequer alguma vez terem entrado no camioneta de transportes
públicos. Ou terem optado pelos Centros de Saúde para se tratarem. Que
saibamos, o mestre do humor que foi Júlio Pomar, ou o Pai do SNS que foi Arnaut
não se manifestaram publicamente pelo seu desejo de abreviar a vida.
Muita gente
céptica acredita apesar de tudo na sua capacidade de resistir à morte
anunciada. O direito a morrer é mesmo uma questão pessoal. Que cada um
determina sem necessidade da anuência de nenhum político. Por mais que falem.
Enoja-me ouvir o Cavaco e a Cristas dizerem-me o que é que eu tenho direito ou
não. Eu queria ter o direito de os poder enviar para os confins da Amazónia.
Detesto ver o Jerónimo armado em senhor da esperança. Não suporto ver os PSs
que são incapazes de perdoar aos seus, quererem armar-se em guardiões da
dignidade dos portugueses.
CALEM-SE e
deixem-me com as minhas dúvidas e a min há capacidade pessoal de eu decidir o
que quero para mim.
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