quarta-feira, maio 02, 2018


O "CONTINENTE" INIMIGO DA ILITERACIA

Quando entro no espaço de compras vedado do Continente local, dirijo-me logo à direita ao escaparate de livros, agora que esta é a melhor livraria (?) de Peniche.

Invariavelmente encontro na parte de trás dos escaparates de exposição das novidades, um ou outro leitor de jornais que vai ao escaparate das revistas e jornais, recolhe os que lhe interessam e vai lê-los às escondidas (?) durante 1 hora ou mais, até porem em dia as suas atualizações do mundo. Invariavelmente leem o Correio da Manhã, o Record ou a bola e alguns o Pùblico e/ou o DN ou o JN.

Tudo lido, arrumam cuidadosamente os jornais que leram e saem fazendo uma outra caminhada até ao local de regresso. O Continente desempenhou o papel da Biblioteca itinerante da Gulbenkian. O leitor percebeu melhor o dia que passou. Só a sociedade de consumo não lucrou com este negócio.

Mas mais curioso do que aproveitar esta oportunidade (reparem que caridosamente não lhe chamei oportunismo) é o tipo de pessoas que frequenta abusivamente este local de leitura. Não são reformados daqueles que não aviam a receita toda do médico pela exiguidade da sua reforma. São pessoas que peroram sobre todos os males do mundo. Receitam fórmulas para o melhor governo do país. Sabem como dirigir um dos grandes do futebol português liquidando definitivamente os outros dois. Têm um bom carro. Vivem numa boa vivenda. Alguns até têm filhos licenciados. São senhores.

E eu nunca passarei de ser o miserável que a minha mãe deu à luz.     

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