O
"CONTINENTE" INIMIGO DA ILITERACIA
Quando
entro no espaço de compras vedado do Continente local, dirijo-me logo à direita
ao escaparate de livros, agora que esta é a melhor livraria (?) de Peniche.
Invariavelmente
encontro na parte de trás dos escaparates de exposição das novidades, um ou
outro leitor de jornais que vai ao escaparate das revistas e jornais, recolhe
os que lhe interessam e vai lê-los às escondidas (?) durante 1 hora ou mais,
até porem em dia as suas atualizações do mundo. Invariavelmente leem o Correio
da Manhã, o Record ou a bola e alguns o Pùblico e/ou o DN ou o JN.
Tudo lido,
arrumam cuidadosamente os jornais que leram e saem fazendo uma outra caminhada
até ao local de regresso. O Continente desempenhou o papel da Biblioteca itinerante
da Gulbenkian. O leitor percebeu melhor o dia que passou. Só a sociedade de
consumo não lucrou com este negócio.
Mas mais
curioso do que aproveitar esta oportunidade (reparem que caridosamente não lhe
chamei oportunismo) é o tipo de pessoas que frequenta abusivamente este local
de leitura. Não são reformados daqueles que não aviam a receita toda do médico
pela exiguidade da sua reforma. São pessoas que peroram sobre todos os males do
mundo. Receitam fórmulas para o melhor governo do país. Sabem como dirigir um
dos grandes do futebol português liquidando definitivamente os outros dois. Têm
um bom carro. Vivem numa boa vivenda. Alguns até têm filhos licenciados. São
senhores.
E eu nunca passarei
de ser o miserável que a minha mãe deu à luz.
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