MAIO:
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MÊS DO CORAÇÃO
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E DE 1968
Neste mês
de Maio cabe tudo. O dia da Mãe e o 13. Com o Sol vem a reabilitação do
coração. Dia do Trabalho e da Liberdade da Imprensa. Dia da Marinha e do
Pescador. Dia dos Açores, dos vizinhos e dos Irmãos.
Mas um
pouco por todo o Mundo, se têm celebrado os 50 anos do Maio de 68 em França.
Que se iniciou antes disso. Com as expressões literárias de Althusser, de
Marcuse, de Sartre. Muitos dos mestres do pensamento prenunciavam um novo advir
e foram os estudantes de Paris que pegaram no novo ar que se respirava por esse
mundo fora e se insurgiram com o conservadorismo que os obrigava a serem meros
transmissores de escolas obsoletas e pouco críticas.
Mas o que é
mais espantoso é que a voz dos estudantes acabou por ser ouvida pelos operários
e franceses, conduzindo a uma mobilização que acabou por paralisar a França. As
palavras de ordem que se ouviam erram não só inovadoras mas também
impulsionadoras de um tempo novo que se avizinhava:
- É
PROIBIDO PROIBIR
- IMAGINAÇÃO
AO PODER
- SEDE
REALISTAS. PEÇAM O IMPOSSIVEL
- O PODER
AOS TRABALHADORES
- SOBRE O
EMPEDRADO, A PRAIA
O Maio de
68 começou por ser um sentimento contra o marasmo. Contra a monotonia. E
tornou-se um movimento de massas que acabou pondo tudo em causa. Já não era só
o Vietnam. E a Argélia. E os movimentos de libertação Africanos e
sul-americanos. Era o poder político que caía feito em frangalhos pelas ruas de
Paris. Do Maio de 68 ao Abril de 74 foi um passo.
Eu que vou
ficando cada vez mais velho, penso que se fosse um jovem de hoje, teria perdido
o colapso dos Americanos no Vietnam. A queda do Muro de Berlim. A hecatombe do
comunismo como sistema politico/social. Não teria assistido à viragem do Mundo
Ocidental e à criação de tantos novos Estados.
Tudo me
aparecia agora de mão beijada e eu não sei se teria capacidade para perceber
porque é assim.
Vi o
despontar do Elvis e dos Beatles. Vi o Woodstock. E vi o Mário Viegas e a
Amália. Vi a Fortaleza de Peniche deixar de ser Prisão do pensamento e passar a
ser uma memória do que não pode ser repetível. Fiz parte de um geração generosa
e felizarda. Vi uma alteração da civilização perante os meus olhos e tenho pena
de nem sempre me ter apercebido disso.
Por tudo
isto adoro viver e não me conformo em perder o que se irá seguir.
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