quarta-feira, dezembro 27, 2006


OS MUROS

Fui hoje acordado com a notícia de que o Paquistão ía estudar a possibilidade de construír um muro que separe aquele País na sua fronteira com a Índia.
Quando em 1989 pela televisão, muitos milhões de pessoas em todo o mundo assistiram à queda do muro de Berlim, com tudo o que isso representava de repressivo no imaginário das pessoas, julgávamos afastada da humanidade por muitos anos, esta tentativa grotesca e abjecta de separar a humanidade entre bons e vilões, entre fiéis e impuros, entre bons e maus.
Caía com aquele muro uma das nódoas negras da humanidade, consequência directa e indirecta de tudo quanto de pior o homem pode fazer quando se deixa submergir no ódio e na violência.

Nem 20 anos passados Israel estende um muro na sua fronteira com a Palestina. Inda nem acabado está e já os EUA anunciam que vão estender um muro na fronteira do seu território com o México. E agora o Paquistão. E depois outros países se seguirão inevitavelmente.

Enquanto a Rússia (ou a União Soviética) tentou expandir-se pelo mundo criando muros artificiais, isso representava tudo quanto de odiento e negativo esse pólo do Mal podia produzir para reprimir a humanidade. Agora são os EUA e os seus aliados quem desenvolve os mesmos métodos. Porque são os bons (?) que os utilizam, serão menos abjectas estas práticas?

Não se augura nada de bom para a humanidade neste primeiro quartel do século XXI. Em nome da liberdade nunca se cometeram tantas atrocidades. Em nome da livre concorrência nunca houve tanta gente com fome e necessidades. Em nome do social nunca tantos passaram tão mal. Em nome da diferença perseguem-se os diferentes. Em nome da Paz perseguem-se os pacíficos. Contra o domínio dos opressores, solta-se a Besta e perseguem-se e matam-se os oprimidos.

Os muros estão aí de novo.

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