domingo, dezembro 17, 2006

UMA PSP PARA O FUTURO
No passado dia 13 do corrente mês em reunião aberta à comunidade, foi apresentado o novo modelo de policiamento que a partir de 1 de Janeiro de 2007 entrará em vigor a título experimental na cidade de Peniche.
A justificação desta escolha está assente em "critérios de natureza policial e de aproveitamento de capacitações académicas recentemente adquiridas pelo comandante da esquadra" de acordo com o comunicado de Imprensa do Comando Policial de Leiria.
Nessa apresentação pública, o subcomissário Martins começou por esclarecer os presentes do que tem sido a evolução dos incidentes criminais nos últimos 30 anos nesta cidade.
Baseada neste estudo, está a divisão da cidade de Peniche em várias zonas e, de entre estas a escolha de 5 para o desenvolvimento do projecto.
Fundamentalmente o que parece mover nesta alteração de postura a PSP, é a passagem de um policiamento reactivo, para um policiamento mais pró-activo antecipando-se aos acontecimentos, através de uma cooperação mais estreita entre a comunidade em geral e os agentes destacados para o efeito.
A PSP procurará intervir pela proximidade nas causas da criminalidade, dissuadindo comportamentos de risco e de perturbação pública e, facilitando o acesso a mecanismos de protecção social, nomeadamente no apoio pós-vitimação.
Duas grandes marcas deixaram este encontro entre a PSP e a comunidade: Uma a análise apresentada do crime na cidade, das suas incidências, da relação causa-efeito entre o crime e o desenvolvimento sócio-cultural da comunidade; Depois, a PSP ter partido de forma lapidar e sem sofismas, do tratamento de dados e da sua interpretação, para uma nova leitura do que terá de ser a sua actuação.
Para quem está habituado a uma PSP pouco esclarecida, terá sido uma pedrada no charco aquilo a que assistimos.
Ficou o exemplo para outros sectores da vida pública. Estudar, ler, interpretar e agir.
Uma ideia me ficou a martelar nos ouvidos sugerida pelo subcomissário. A da criação em Peniche de um Gabinete de Apoio à vítima e, porque não, ao agressor.
Se o primeiro não oferece dúvidas e em relação ao qual é fácil estabelecer consensos, já o segundo é mais controverso e curiosamente é um Polícia que o refere. Mas não existem dúvidas que se não cuidarmos do agressor, este continuará a produzir vítimas. A cadeia por si só não resolve o problema. Se assim fosse com tanta gente condenada, já tinhamos o problema resolvido. Quem apoia e integra o agressor após este cumprir pena? Quem procura antecipar-se ao crime promovendo medidas integradoras e de dissuasão?

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