segunda-feira, abril 07, 2008

DAVID FONSECA
A revista “Pública” de dia 6/04/08 traz uma extensa entrevista com este cantor-autor que me suscitou o maior interesse. Tudo quanto se refere a este músico suscita o meu particular interesse dadas as suas ligações a Peniche. Filho da Dina Malheiros e do Fonseca, conheço a sua mãe desde sempre e o pai desde que a mãe foi estudar para a Escola do Magistério em Leiria onde se encantou de amores por ele. Tenho apreciado o percurso do DF com entusiasmo e sou um ouvinte cuidadoso da música que vai produzindo. Para além disso sempre achei nas entrevistas que fui lendo que ele tem as ideias bastante arrumadas.
Voltando à entrevista da “Pública”, para além do seu percurso na música é convidado a expor a sua visão sobre diversos temas da actualidade, confirmando na conversa que desenvolve que está muito para além de um simples ícone das novas gerações. A propósito da Internet, DF afirma a certa altura:
“Estou muito por dentro da Internet… Os miúdos expõem-se por completo. Os tempos são de excesso e eles têm estas ferramentas todas à mão. Há uma espécie de sede de protagonismo brutal. A ideia de que está todo o mundo a nossos pés, quando se tem 14 anos, é muito tentadora.” O sublinhado é meu.
Ao ler isto recordei-me dos textos bíblicos quando Jesus no deserto é submetido às tentações demoníacas. Fui então à Bíblia e retirei em São Lucas o texto que se aplicava à afirmação de DF.
«Levando-o a um lugar alto, o diabo mostrou-lhe num instante, todos ao reinos do universo e disse-lhe: “Dar-te-ei todo este poderio e a sua glória, porque me foi entregue e dou-o a quem me aprouver. Se te prostrares diante de mim, tudo será teu.”» Será o Diabo o tempo que vivemos? Será o “You Tube” a tentação suprema? Serão as salas de “chat” o inferno de que falam as escrituras? Teria o Demo utilizado um portátil para mostrar a Jesus o Mundo Global? Serão premonitórias as palavras do Evangelho segundo São Lucas?
Foi aqui que como num flash me assaltaram dúvidas sobre o papel das gerações mais velhas na preparação dos mais jovens para um mundo que dia a dia se torna mais complexo e mais difícil de perceber. Que valores lhes transmitimos? Afirmamos amar os nossos filhos e não conversamos com eles. Dizemos que somos professores porque adoramos ensinar, mas os conteúdos científicos cedo se esquecem e os professores-referência cada vez são mais raros.
E quando exponho estas interrogações não estou a fazer humor. Sinto que estas alegorias contadas merecem uma leitura actualizada aos tempos que correm.

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