terça-feira, junho 22, 2010

QUEM NÃO QUER SER LOBO…
…NÃO LHE VESTE A PELE

Quando passei por funções autárquicas, salvo num caso ou noutro, detestei os convites sucessivos para estar presente em almoçaradas e jantaradas. O Verão era pródigo em almoços, lanches, cocktails e jantares tudo no mesmo dia, a que se seguia um ou dois espectáculos organizados localmente em localidades dispersas do Concelho.
Ser autarca representa ser acusado de só aparecer nas campanhas autárquicas à caça de votos. Uma vez eleito há que aparecer porque senão parece mal e se perdem votos. Se aparecemos estamos gordos à custa do povo. Se não aprecemos é porque já não nos lembramos de quem nos deu o poder.
Eu julgava que importante era criar as condições para que as actividades se concretizassem ou para que as pessoas pudessem atingir os seus objectivos. Mas aprendi que não é assim. “A política é a arte do faz de conta”. A gente tem que ouvir e fingir que não ouviu. Nunca dizer que sim e jamais utilizar a palavra não. O que é evidente que se vai apoiar deve ser mastigado, mastigado, mastigado, até as pessoas pensarem que só é concedido porque se trata delas próprias. Trata-se de uma concessão pessoal apesar do muito esforço que se tem de desenvolver e das barreiras e más vontades que é necessário vencer. O autarca surge então como um herói e vai ter de ser convidado e não pode faltar e vai ter de jantar e assistir a tudo aquilo que os promotores das iniciativas têm em mente.
Estou a falar de autarcas. Multiplica-se por 100 quando se trata de governantes e por mil quando se trata da Presidência da República. Este é o preço a pagar e quem ocupa os cargos têm obrigação de saber isto e se não sabe por ser parvo ou ingénuo, tem de aprender depressa ou passa por um idiota que está a mais no cargo que ocupa.
Vem isto a propósito da ausência do PR nos funerais de José Saramago. Não tivesse sido declarado Luto Nacional e o senhor teria até o direito para marcar um almoço para comemorar o desaparecimento de figura tão incómoda. A partir do momento em que o Luto foi declarado e que as bandeiras nacionais foram colocadas a meia-haste, o Zé Saramago que até é detentor da Ordem de Santiago e Espada, tem de ser respeitado e não pode ter um funeral ignorado pela figura máxima da nação.
Quem quis ser Presidente da República foi o Professor Universitário Aníbal Cavaco Silva. Então que pague o preço e cumpra com as suas obrigações de Chefe de Estado.

2 comentários:

zeparafuso disse...

E cumpriu com as obrigações de Chefe de Estado. A Casa do pessoal do PR,assim como a casa Militar, deram as condolências aos famililares do José Saramago. O ser PR não obriga a presença fisica. É democracia. Em democracia pode-se ser preso por ter cão e preso por não o ter. Se o PR fosse ao funertal de Jose Saramago seria hipócrita. Jose Saramago foi viver para Espanha porquê? Lembras-te ?

libório disse...

Só saberemos a coerência do acto depois da morte da Agustina, que demore tanto quanto a do Ariel Sharon que está no mesmo estado .
Então ficaremos a saber que nosvos programas de férias estivais prometeu o PR aos seus netinhos .