ESTAR PRESENTE
“Fizeram-se amizades, estragaram-se afectos e a conclusão é óbvia e serve ao futuro – a vida não é relativizável, mas quem não relativiza arrisca-se a ganhar o vazio. Aguardemos pela próxima encruzilhada. Sabemos que nos trará mais horror e felicidade. Afinal, que outra definição existe para o ofício de viver?” Luís Osório in “Ficheiros”
Isto foi escrito a propósito do encerramento do Rádio Clube Português. Ao longo da minha vida tenho assistido ao nascimento e morte de muitos órgãos de comunicação social. Demais nalguns casos, para meu gosto. Como faço colecção de nºs 1s tenho acompanhado bem este nascer, viver e morrer. Alguns não passaram do número um. De alguns tenho uma profunda saudade. De outros nem por isso.
O nascimento e morte de meios de comunicação social acompanham as mutações da sociedade portuguesa. O florescimento de períodos mais criativos a que se seguem espaços de tempo de puro obscurantismo, acompanham o desenvolvimento da Imprensa escrita e falada.
Seria interessante para alguém da área da Sociologia desenvolver este tema como tese de Doutoramento. Mas ao que parece neste momento de crise é mais interessante para os veterinários desenvolverem uma tesa de Doutoramento no domínio da linguística, ou aos de Agronomia na área do Turismo.
Julgo que as sociedades em fins de ciclo atravessam todas os maus bocados que a nossa parece trilhar. Mas custa-me assistir à morte do RCP, ou do “Diário de Lisboa” ou do “Peniche-Directo”. Dirão que é petulância comparar estes 3 exemplos. Eu digo é que tudo é relativizável e nenhum me custou mais do que outro. Do que não tenho saudades é do desaparecimento do “Jornal de Sexta” e da Manuela Moura Guedes.
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