QUE MONSTRO COABITA EM NÓS?O caso do jovem que alegadamente terá matado a sua mãe adoptiva por razões ainda obscuras incomodou-me fortemente.
Foi adoptado bebé no seio de uma família tão igual à generalidade das famílias quanto isso é possível de imaginar. Mãe médica. Pai Delegado de Informação Médica.
Ao longo do tempo revelou-se como um jovem de capacidades intelectuais invulgares (terminou o secundário com 19 valores), para além de ser um desportista apaixonado.
Optou por medicina e revelou-se um aluno acima da média, mantendo inalteráveis as suas performances desportivas.
De repente vira monstro e estúpido. Mata a mãe a golpes de faca, simula (mal) um assalto e uma violação. Guarda o instrumento do crime na sua residência de férias onde a PJ o vai encontrar.
O monstro torna-se pouco inteligente e passando no Mondego não se desfaz da faca. Passa por campos sem fim até chegar à Figueira e não atira fora aquele comprometedor instrumento. Na Figueira com o mar tão próximo também não se desfaz dela.
Os amigos e vizinhos estão perplexos. A família não é disfuncional. O jovem é a antítese de um marginal. Não é drogado. Nem cigano. Nem brasileiro ou africano. Isto põe em causa todos os estereótipos a que estamos habituados.
Afinal parece que convivemos connosco próprios e com o nosso outro eu. Na maioria das vezes adormecido. Até que um flash o acorda e deixa vir ao de cima. Quem está livre desse seu companheiro de viagem?
Assusta-me pensar nisto. Mais do que o hediondo crime assusta-me a ideia do que pode acontecer para tornar possível ele acontecer. Quem somos nós afinal? O que nos permite sermos génios ou criminosos? Ou unicamente pessoas normais, daquelas que não deixam nunca memória. O que terá acontecido para permitir que este fantástico estudante do 4º ano de medicina se tenha tornado um monstro assustador?
Será que o mesmo nos pode acontecer? É fácil de perceber que estas coisas aconteçam a certas pessoas… Mas ao cidadão comum…
Sem comentários:
Enviar um comentário