terça-feira, setembro 10, 2013

ÁLVARO CUNHAL - FOTOBIOGRAFIA

Nunca fui à Festa do Avante. Já li e ouvi pessoas manifestamente insuspeitas tecerem loas à capacidade de organização, a manifestação de vontades e a qualidade da programação que lá se verifica. Mas sinceramente eu nunca me deu para lá ir.
Talvez por no subconsciente pensar que me iria submergir em tanto comunista. São muitos. Demais para o meu gosto. É claro que quando atravessei o meu período de militância poderia e deveria ter ido. Mas não calhou e agora é tarde para arrependimentos.

Vem tudo isto a propósito que este ano havia uma razão acrescida para lá ir se a tanto me sentisse predisposto. É que se encontrava lá à venda a Fotobiografia do Álvaro Cunhal das Edições Avante. E eu queria adquirir o livro na sua 1ª edição. Mas se a montanha não vai ao Maomé…
Telefonei a um amigo que teria condições para mo trazer se lá fosse e ele arranjou-mo através de outro amigo.
Queria o livro apesar das críticas negativas que já li, por apresentar uma visão demasiado unilateral da figura mítica do dirigente do PCP. Mas eu que também adquiri a obra do Pacheco Pereira sobre o personagem, não temi sofrer uma lavagem ao cérebro, até porque “burro velho não aprende línguas”.
Queria essa visão na minha Biblioteca. Quero que a minha filha receba como meu legado algumas obras que considero imprescindíveis para perceber este “ser” português do séc XX/XXI. E Álvaro Cunhal marcou uma época do pensamento político português que convém reter. Isto não significa de todo quaisquer amarras intelectuais ou ideológicas. Mas essa visão não seria completa sem uma leitura do Partido a que entregou toda a sua vida. Não me incomoda que tenham sido banidas desta Fotobiografia algumas figuras de dissidentes ou de opositores. Uns e outros foram melgas que ele afastou com um safanão e que deixaram de existir no momento seguinte. Álvaro Cunhal também era isto mesmo.

Erguia-se do alto da sua integridade muito pessoal para atingir o que considerava ser o melhor para o povo português e para as classes trabalhadoras que defendia intransigentemente. E a sua luta marcou milhares de portugueses. E marcou uma época em Portugal. Centenas pagaram caro essa luta que ele representou como ninguém. Cem cedências.
Com isto não estou a defender o político. Estou a tentar entender o homem. É que não é fácil um percurso de vida como o seu, tendo ele condições para se o desejasse ser um bem instalado burguês. Era senhor de uma inteligência invulgar e de uma capacidade de trabalho incomum. Um orador magnifico e um interlocutor com uma dialéctica ímpar.
O Partido, foi a sua companheira, o seu amigo, o seu objectivo de vida, a sua fidelidade.

Onde estão os homens como Cunhal nos tempos que correm? O que vemos é “putos” sem fibra, meninos cinzentões, oportunistas de 3º linha, de pensamentos tacanhos, com inteligências pardas, vidrados em pequeninos objectivos materiais, sem capacidade de liderança.
Álvaro Cunhal foi moldado em aço, esta “canalha” são a escória da sociedade portuguesa.
Este livro deveria ser obrigatório nas escolas para ensinar a moldar homens capazes de reerguerem Portugal.     

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