segunda-feira, setembro 30, 2013

PENICHE: UM CONCELHO ONDE TODOS (menos um) PERDEM

Sendo um dos concelhos a nível nacional com maior nível de abstenções (56,77%), dá para perceber que as forças cívicas aqui em Peniche perderam por completo a capacidade de mobilização das populações, logo tenderá este concelho a breve trecho a tornar-se amorfo, cinzentão, sem capacidade reivindicativa e sem força anímica para poder lutar contra a inércia que aqui se verifica. O não querer participar de forma alguma em actividades comunitárias tornou-se uma forma de estar das gentes deste concelho. Ainda se as pessoas se abstivessem por opção, eu seria capaz de compreender tal posição, mas absterem-se para não se darem ao trablho de contribuir para tomar uma decisão já é preocupante. Das eleições autárquicas anteriores (2009) para estas a abstenção cresceu 10 pontos percentuais. O que significa que mais eleitores deste concelho consideraram que o seu contributo não era interessante. O concelho de Peniche perdeu.

Também o número de votos em branco cresceu 100% das últimas eleições para estas. Sendo que o voto em branco tem o significado de o eleitor não se rever em nenhuma candidatura, mais uma vez e por culpa exclusiva dos partidos políticos, é o concelho de Peniche que perde. Podiam como noutras localidades promover o aparecimento de candidaturas independentes, mas por efeito da inércia já referida anteriormente, não existem alternativas que possam desencadear uma mobilização cívica. Também os votos nulos crescem cerca de 100%. Ilustrativo da vitória de “Pirro” de quem eventualmente tenha ganho (?) as eleições.

Para a Câmara a CDU perde a maioria absoluta conquistada no mandato anterior. O vereador que perdem é ganho pelo PS que se torna a 2ª força politica com os votos perdidos pela CDU e do PSD. O PS perde também a aposta que fez para reconquistar a Câmara Municipal e não atingindo sequer os 25% dos votos. Para um Partido Socialista que ganha em toda a linha a nível nacional, estes valores atingidos em Peniche significam tão-somente a derrota pessoal do candidato. Só o senhor Seguro não percebeu isto a tempo. A mesma água não passa duas vezes por debaixo da mesma ponte. Só não sabe isto quem é burro. Esperada e confirmada era a derrota do PSD que se estendeu ao comprido também aqui em Peniche. A CDU é vítima do autismo a que se foi reduzindo ao longo destes 4 anos. Prometendo e não cumprindo. Deixando degradar cada vez mais o nosso património municipal. Fechando-se sobre si mesma. Sem um papel eficaz na luta que melhor sabe desempenar que é a de cariz social. E no entanto foi alertada para isso por diversas vezes. A CDU continuando por este caminho, perderá as próximas eleições aqui em Peniche de forma natural. E terá que fazer uma longa travessia do deserto para recuperar o que perde de forma inglória.

A Assembleia Municipal não nos merece qualquer referência. É um Órgão inócuo onde nada acontece digno de ser descrito. Serve para quem lá está poder travar discursos orgásmicos que lhe justificam a existência. Dizer o PSD perde um mandato para o PS não representa qualquer valor acrescentado para melhorar os níveis democráticos concelhios.

Falta falar do único vencedor do passado dia eleitoral em Peniche. Foi o Henrique Bertino. Que varre a Junta de Freguesia da Cidade de Peniche de forma avassaladora. O Henrique Bertino não ganhou na campanha eleitoral. Foi durante os mandatos em que foi Presidente da Freguesia da Ajuda. Com o exercício dos seus mandatos na base da proximidade com os eleitores. Com uma atitude transparente e de uma verticalidade a toda a prova. Não surgiu agora para o desempenho destas funções vindo do nada. Fez uma campanha dando a cara por tudo o que realizou e por aquilo que não conseguiu fazer. Conhecendo os seus eleitores e eles sabendo que a melhor forma de resolverem os seus problemas era apelando ao sentido de justiça do Presidente da Junta da Ajuda. Não está nesta actividade porque não tem mais nada que fazer ou para ser simpático para os amigos. Os autarcas que fazem parte da Câmara Municipal deveriam por os olhos no Henrique Bertino e ver como se ganham as próximas eleições. Não é a fazer renda de bilros, nem a praticar surf por mais nobres e respeitáveis que sejam essas actividades. É a trabalhar pelos e para os seus eleitores, sobretudo os mais desfavorecidos e os cívicamente representativos.  

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