quarta-feira, outubro 17, 2007

A CARTA
O novo jornal de Peniche, o “CORREIO POPULAR”, vai no seu 3º número e consegue despertar interesse, pesem embora algumas dúvidas sobre os seus métodos e estratégias. Mas não é isso que importa agora. O que me leva a citar este quinzenário regionalista é a publicação da “carta” de despedida do médico António José de Azevedo Filipe ao PCP.
Segundo informa o Jornal foi lida na íntegra na sessão ordinária de Setembro da Assembleia Municipal.
O que me leva a mim a meditar sobre tudo isto são algumas das afirmações contidas na “carta” que me parecem lapidares para quem está de fora deste jogo de interesses que se deduz entre o PCP e os seus pares, agora que dispõem de um “bocadinho pequenino de poder”. Adivinham-se os Gulags que seriam instalados (provavelmente nos Farilhões) se a parcela de poder fosse muito maior.
A CARTA, expressa um conjunto de expressões para as quais eu dava a “sugerência” de figurarem num manual municipal sobre as capacidades e misérias do PCP. Eu recolhi as frases:
- “Nos últimos anos trabalhamos na construção de uma alternativa de esperança para este concelho, baseada no programa do Partido Comunista Português, procurando responder à necessidade de mais desenvolvimento económico, mais emprego, maior participação das pessoas e das instituições e mobilizadora da população”.
- “Foi um trabalho sério e duro…”
- “…com a conquista do poder foi evidente o aparecimento, em Peniche, dos tiques sociais-fascistas que minam o funcionamento do Partido Comunista Português e o querem transformar numa Congregação Religiosa Acrítica Modelo Familiar.”
-“…foi surgindo a decisão na sombra, o facto consumado, o truque demagógico.”
- “episódios de oportunismo… tratar-se de uma orientação partidária… parece advogar o… pensamento único oposto a todos os movimentos… que ousem interpelar os interesses dos funcionários/beneficiários em jogo.”
-“O objectivo… é a salvaguarda, conservação e acumulação dos pequenos poderes (tachos e tachinhos) obscuros, incompatíveis com a dialéctica marxista.”
-“…a palavra quebrada, a ética posta de lado e camaradas desvalorizados por serem idosos:”
-“ todos os defeitos do PCP estão lá com a agravante de se estar a olhar para uma cópia mediática”.
-“ saí… para preservar a minha higiene mental e liberdade de acção.”
É difícil dizer tanto em tão pouco espaço. Quem sou eu para discutir o que transcrevi da CARTA. Tratam-se de afirmações de certezas adquiridas pela participação aprofundada nos corredores do poder e das salas do Centro de Trabalho. De tudo o que retenho como mais interessante é a designação de Congregação Religiosa Acrítica Modelo Familiar (CRAMF) para o PCP local. É que foi assim que fiquei a perceber aquela participação nas procissões. Está explicado.