quinta-feira, março 25, 2010

FOTOGRAFIAS
Roland Barthes escreveu um livro sobre A Fotografia a que chamou “A Câmara Clara”. É um exercício magistral sobre o que um instante pode revelar.
Ele a certa altura escreve: “Primeiro descobri isto. Aquilo que a Fotografia reproduz até ao infinito só aconteceu uma vez: ela repete mecanicamente o que nunca mais poderá repetir-se existencialmente”.
Veio isto a propósito de eu ter revisitado fotos e de me por a pensar que as pessoas que eu via hoje, estavam fixadas para mim desde o instante em que o fotógrafo apontando-lhes a objectiva as imortalizou para mim.O meu tio-avô José do Rosário Leitão, memoriza na foto a sua paixão (a Tia avó Joana Andrade). Ele fixa-se em alguém e é fixado definitivamente para nós. A sua altivez representa hoje a capacidade de se continuar a impor perante os que o olham.Aqui o Mariano Vicente não esconde um olhar para além de nós. Ele que era poeta e dramaturgo não se fixava em ninguém, via para além dos que fixava. E sente-se na pose o Artista e o dandy. Ele sabe que se vai perpetuar para além da sua própria imagem. São as palavras que melhor o definem. O resto é a aparência que quer deixar de si mesmo.É tempo de reunir a família. A missa acabou. Eu e os meus primos e primas somos a parte que sentados na escadaria de S. Pedro aguarda a sua vez de crescer e poder ficar de pé. Agora só os casamentos vão permitir uma foto destas. A avó “Manca” matriarca da família de minha mãe tem por detrás de si a sua prole. A Tia Avelina estende o seu olhar bondoso para a objectiva (1ª à direita de xaile). A tia Idália segura num amplexo as irmãs que protege mais e onde se protege.

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