quarta-feira, março 03, 2010

JORNALISMO E JORNALISTAS
“Nunca tive uma agenda política escondida. Ele (Vicente Jorge Silva) é que foi militante e deputado do partido (PS).” JOSÉ MANUEL FERNADES – ex-director do Público, respondendo à acusação do cronista no programa ‘PRÓS E CONTRAS’, RTP1

Respinguei esta tirada da Revista “DOMINGO” do Correio da Manhã. Conheço Vicente Jorge Silva há cerca de 50 anos. Ele foi um criativo que me encheu os dias de esperança quando se lançou na Utopia do jornal cor-de-rosa (Comércio do Funchal). Com ele tive de me tornar um expert a ler nas entrelinhas que sabiam a Liberdade. Assim se torneava naquele tempo a censura. Com ele e com o CF desenvolvi também a minha pequena luta individual. Naquele tempo eu estava no Batalhão de Reconhecimento das Transmissões na Trafaria, que tinha a seu cargo a operacionalização de operadores cripto e de criptólogos do exército. E eu trabalhava no Gabinete de Estudos.
Naquele tempo eu recebia o Jornal do Fundão e o Comércio do Funchal no quartel e lia com o Jorge Peixinho e o Gastão Cruz o Diário de Lisboa e a República. Era a nossa forma de dizermos que estávamos vivos. E o Vicente Jorge Silva e o António Paulouro eram referências de Jornalismo que me ficaram para a vida fora e que me ajudaram nas incursões jornalísticas que tenho desenvolvido ao longo de décadas. Não me recordo de encontrar nem nessa altura nem nos dias difíceis o José Manuel Fernandes. Se existia não era profissional que servisse de motivação. Encontrei depois muitos outros mas nunca o dito cujo JMF.
O VJS lá ia aparecendo aqui e ali, na fundação e afirmação do “Público” que o Fernandes ajudou a destruir como jornal de referência (na minha opinião, claro). O Público passou a ser um jornal com um único objectivo: perseguir e destruir qualquer imagem positiva do Sócrates ou dos seus governos.
O VJS pode ter passado pelo PS. Isso não o impediu de continuar a ser um jornalista com ideias próprias e com opiniões balizadas nos seus valores e critérios. Recordo que outros jornalistas passaram por cargos políticos sem que isso os tenha menorizado. Eu tenho repulsa e desconfio é dos que se dizem isentos. Se calhar se JMF desde sempre tem manifestado perante os leitores do Público as suas tendências políticas eu teria agora muito mais respeito por ele. Exemplifico: Não perco uma intervenção do Marcelo Rebelo de Sousa ou do Luís Delgado na Televisão, mas mudo de canal quando fala JMF.
Não temo os que são alinhados politicamente. Receio profundamente das análises dos que não sei onde estão.

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