EMOÇÕES E AFECTOS
A gente vai a correr por aí fora, sem tempo sequer para olhar para o lado e de repente, alguém estende um pezinho e com essa “rasteira” inocente ficamos estendidos ao comprido sem perceber como nem porquê.
E é quando nos aproximamos do pó em que nos havemos de tornar que tudo se torna mais fácil de perceber. De profundis Valsa Lenta finalmente faz sentido. E o Drama de Jean Barois passa para a categoria da comédia.
A gente conhece novas emoções, e são os afectos que nos permitem encontrar beleza no mármore frio dos corredores. Passear estendido ao comprido, conduzido por um desconhecido é o que recomendamos vivamente aos que estão “convencidos” da sua importância.
No espaço de um mês vi agora desaparecerem pessoas profundamente ligadas ao meu quotidiano. Uma delas ao período em que somos crianças e tudo pode parecer grande e demorado. Outra já numa época diferente em que estamos certos que somos o centro do mundo. Uma e outra contribuíram com a sua bondade e alegria para que este pequeno pedaço do Universo se pudesse tornar melhor. Uma e outra foram agentes da paz e da concórdia. Embaixadoras da boa-vontade. Senhoras de um porte irrepreensível. Vocês conhecem por certo aquele tipo de pessoas que quando estamos junto delas nos sentimos sempre pequeninos e pouco educados. Elas eram assim.
Tenho uma enorme dificuldade em acreditar na vida depois da morte e num Deus Superiormente Bom. Se assim fosse porquê o sofrimento infligido às crianças e aos melhores de entre nós? Para nos por à prova? Para isso bastam os nossos governantes terrenos. Por isso temo pelo desaparecimento físico das pessoas de quem gosto e que de uma forma ou outra me marcaram. Receio que poucos se consigam libertar da lei da morte. E no entanto são exemplos de vida que mereceriam não cair no esquecimento. Que estas palavras gravadas aqui e transmitidas de forma global possam ser o meu contributo para lhes conferir um pouco mais de tempo entre nós.
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