quarta-feira, setembro 07, 2011

TRABALHAR COM AMOR
No meu ritual diário de reformado, começo por tomar a bica com a minha mulher e em seguida vou adquirir os Jornais diários com que me vou instruindo. Depois dou um passeio por aqui e por ali e neste deambular vou encontrando amigos com quem troco impressões futebolísticas ou outras.
Um dia destes encontrei alguém com quem falei de Trabalho. Não de emprego, mas de trabalho. O meu interlocutor sendo uma pessoa muito conhecida no Concelho de Peniche e que por razões diversas não vou dizer quem era.
Dizia o meu parceiro de conversa desse dia que gostava do que fazia. E que sentia a responsabilidade de o fazer bem feito. Dizia que era preguiçoso. E que fazia as coisas bem feitas, (ou procurava fazê-las), porque não as queria fazer duas vezes.
Dizia-me que fazia centenas de horas por ano gratuitamente. Mas sentia que o mérito do seu esforço não era reconhecido de forma palpável. Mas continuava a fazer as coisas assim porque achava que mais importante que os seus problemas, era conseguir que as coisas que dele dependiam corressem bem e que ninguém pudesse ser prejudicado só porque ele tinha problemas.
Eu sei que isto não é habitual. Eu sei que isto parece nos tempos de hoje demagogia. Mas se eu vos dissesse quem era, vocês acreditariam em mim, tal como eu acredito nele. Ele trabalhava com Amor à sua profissão.
Esta conversa fez-me recordar o meu pai. O Horácio Costa, o Mestre Horácio, nunca deixou de se levantar da cama para desempanar um carro. O Mestre Horácio, quando não tinha uma ferramenta, criava-a. O meu Pai foi professor de mestres do seu ofício. O meu pai nunca apertou um parafuso da cabeça do motor, sem ir ao livro do fabricante ver qual a potência do aperto. A oficina do meu pai era frequentada por iletrados e doutores. O meu Pai passou na sua profissão como um Senhor. Porque sempre a desempenhou com Amor.
Ao longo do que foi a minha actividade profissional acompanhei centenas de alunos. Alguns deles têm um grande sucesso porque os pais os condenaram a isso. Não estranhem a palavra foi isso mesmo que eu quis dizer. Os únicos que eu vi terem êxito, foram aqueles que por sua livre iniciativa Amaram a Escola. Se sentiam felizes por a frequentarem, E quando falo de sucesso não estou a dizer que tenham tirado quaisquer licenciaturas. Estou a falar daqueles que na sua vida profissional sem esquecerem os seus direitos, nunca omitiram os seus deveres.
Aqueles que não pisaram nunca ninguém para chegar aonde querem. Aqueles para quem os Outros são gente. Aqueles que apreciam as pessoas que os rodeiam porque gostam de si próprios. Que à noite dormem sem sobressaltos. E que, acima de tudo, sabem ser felizes porque estão em paz consigo próprios.
Estas pessoas são a minha referência e os meus heróis anónimos. São estes o futuro da minha terra e do meu País. Portugal não será sempre um País adiado. Portugal e a minha terra têm Futuro.

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