ESTÁ TUDO MUDADO...
A 1ª acção de Formação em que participei, foi em 1972 ou 1973 em Leiria, era eu professor aqui na Escola Comercial Industrial de Peniche. Durou 3 dias e fui com a minha prima e colega Miúcha, que na altura era professora de Português. Eu e ela porque éramos Coordenador e sub-coordenador dos Directores de Turma e a Formação destinava-se aos professores que aqui no Distrito desempenhavam essas funções.
Depois dessa foram inúmeras e inumeráveis as acções de formação em que participei. Algumas interessantes, algumas importantes, mas na sua grande maioria perfeitamente dispensáveis. Recordo que durante muitos e muitos anos a grande maioria dessas acções era dedicada à Avaliação dos Alunos no contexto de Ensino-Aprendizagem. Casa da Cultura: ARTE DIGITAL- Bruno Santos
Curiosamente a partir de certa altura essas actividades dedicadas à Avaliação dos Alunos, desapareceram por completo. Sou capaz de localizar o momento. Foi quando apareceu o novo modelo de Avaliação dos Professores em que para se poder subir de Escalão, se tinha de participar num certo número de módulos de Formação Contínua. O que coincidiu também com a chegada às escolas das primeiras fornadas de professores saídos das Escolas Superiores de Educação.
A partir do momento em que se organizaram empresas externas às escolas para desenvolver Acções de Formação por “encomenda” para subir na carreira, os professores começaram a solicitar formação em áreas que lhes dessem ao mesmo tempo alguma actualização na área das Novas Tecnologias, pouco trabalho, e o maior número possível de créditos. O interesse pela Avaliação dos alunos, perdeu toda e qualquer motivação e passou para o lugar das exigências mínimas de actualização para os saberes de ser professor.
Chegamos aos dias de hoje em que o resultado das avaliações (ditas contínuas) é lançado no computador, sem que as reuniões convocadas para o efeito tenham qualquer efeito no que já foi lançado ou carácter pedagógico, os professores deixaram de saber fazer testes de Avaliação, ou sequer de formular perguntas num teste.
Pergunte-se a um professor nos dias que vão correndo, como se calcula o tempo necessário para um aluno com um grau de conhecimentos médios responder a um teste, para ver se ele sabe. Veja-se a formulação das questões que aparecem nos testes e verifique-se que na grande maioria das vezes, a mesma pergunta encerra respostas com recursos a saberes diferenciados e afastados nos conteúdos uns dos outros. Em contrapartida, os jornais aparecem com grandes parangonas preocupados com a Avaliação dos Professores. Como se essa pudesse ser importante e a dos alunos não. Como se uma se pudesse dissociar da outra. Ou com as avaliações dos manuais escolares. Ou com os Regulamentos Disciplinares dos alunos. Quanto à avaliação dos alunos tudo está em paz na costa ocidental. Que importância tem se nos enganarmos sobre um aluno? É só mais um. Um alunos mal avaliado tem tempo para recuperar... Para o próximo ano logo passa... Quando os média falam dos professores, era bom que percebessem de que forma estes se constituíram em “lobby” com o apoio dos Sindicatos e que percebessem bem o que eles hipotecaram para atingir os seus fins. É por aí que deveríamos começar a pôr a casa em ordem. Afinal, só existem professores porque existem alunos.
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