A LOJA
Finais do sec. XIX, início do sec. XX. Chamava-se “Nova Africana” e era propriedade de “Jacinto Alexandre”. Situava-se nos nºs 2,3 e 4 da Rua Alexandre Herculano, logo a seguir ao Vilas, num prédio que hoje não existe como era ao tempo e a seguir ao que é hoje uma loja de acessórios de automóveis. Era um “estabelecimento de fazendas e manufactura de rendas”. Lia-se no verso do postal que servia da suporte publicitário e que dizia:
“- Encarrega-se o proprietário d’esta casa de todo e qualquer trabalho da indústria de rendas, para o que tem pessoal habilitado. Envia amostras a quem o requisite.
- Para rendas que não possam ir à amostra, tais como Colchas, Almofadões, Cabeções, Encache de camisa, Lenços, Franjas, Naperons, Aplicações, Chamins-de-table, etc., etc., ENVIA FOTOGRAFIAS. PREÇOS REDUZIDOS.” Quer o negócio, quer a forma de publicidade, quer o desenvolvimento do comércio das rendas não ficavam nada a dever ao que hoje se faz, mais de um século depois. Em boa verdade houve mesmo um nítido retrocesso. E hoje as rendas de bilros são mais um pretexto, que um objectivo em si mesmo.
Mas o que é verdadeiramente surpreendente neste postal, é o símbolo da LOJA MAÇÓNICA, que vemos no postal na zona superior central do postal. Aquele triângulo irradiante de luz é inconfundível. Peniche era mesmo na época um centro difusor da sociedade portuguesa da época. Isto porque as pessoas tinham ideias e ideais e assumiam e lutavam por elas, dando a cara sem receio, nem sofismas. Quem era Maçon, era Maçon até ao fim. Quem era outra coisa qualquer ou não era coisa nenhuma, assumia isso de cara levantade e dando o nome às coisas que afirmava e defendia. Os dias de hoje são um enorme retrocesso. E Peniche tornou-se a terra insípida e cinzenta que é.
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