quinta-feira, maio 31, 2007

DIA DO PESCADORFui acordado logo pela manhã com os foguetes do DIA DO PESCADOR”. E fui acordado para que este ano ainda não tinha visto nem um cartaz, nem um Programa das festas de celebração do Pescador.
Eram 12:00 horas fui ao posto de Turismo. Pressupostamente o local onde deveria haver alguma coisa. Cartazes nada. Programas estavam a chegar vindos do Aprovisionamento (seja lá o que for isto na CMP). Estava eu a ensaiar uma reclamação diz-me a menina:
“- A culpa não é minha...”
No espaço de 24:00 é a 2ª vez que me dão esta resposta. As reticências insinuam onde está a culpa. Mas não! Desta vez decidi eu assumir a culpa por não estarem lá os programas e garanti que não volto ao Posto de Turismo. De cada vez que lá vou só encontro “buracos”. Assim não há Blogs que me cheguem.
Alguma coisa anda mal nestes serviços. Quando não havia doutores as coisas funcionavam. Ou será que existem pessoas que não gostam dos comunistas e estão a torpedear o seu trabalho? Isto será como no Metro do Porto? Sabotagem...

quarta-feira, maio 30, 2007

SABORES DO MAR P’RA TI TAMBÉMMoro na rua Joaquim A Aguiar nº 46, onde antigamente existia a casa da minha avó, a ilustre e sempre nobre senhora D. Guilhermina “Baterremos”. A casa era de rés-do-chão e onde hoje é a entrada do prédio era uma janela do quarto de fora, onde a minha avó tinha encostada à janela a almofada das rendas de bilros. O local era estratégico. Tinha boa luz, era afastado da cozinha de que ela nunca foi amiga, via-se quem passava na rua e, em frente, situavam-se as janelas do prédio do Manuel Salvador, podendo a minha avó ir sempre conversando com a D. Helena e a D. Cristina, pondo em dia assim, os saberes importantes das vidas penicheiras.
A minha avó dizia que não perguntava nada a ninguém. Contavam-lhe. Viam-na à janela e lá vinha mais um boato, ou uma história de arrepiar sobre acontecimentos ou factos que teria de haver pudor de contar seja a quem for.
Assim acontece comigo. Estou eu “sossegadinho” e as coisas vêm ter com o blogger sem que este faça nada por isso. Aqui há uns dias foi a história do sofá. Agora é a história dos programas dos “Sabores do Mar”. Hoje ainda não estavam para distribuição no Turismo. Hoje ainda não sabemos com detalhe o que vai acontecer e quando. Que Restaurantes aderiram e com que Sabores. Isto menos de 48 horas antes de se iniciar o evento. Quando chegarem serão como o Narciso, que já não é preciso. Dizem-me no Posto de Turismo que a culpa não é de quem lá está, nem do Município. Um Turista que lá estava e ouviu a conversa ofereceu-se para ser ele o responsável pela falta dos Programas. E para se penitenciar pela sua falta prometeu abandonar de imediato Peniche e não voltar cá.
Grande Organização. Isto é uma espécie de Feira Gastronómica. E gastou-se para isto uma fortuna em sofás... tss... tsss...
GAIVOTAS... Em Outubro de 2004 eu escrevia assim:
“Todos nós temos vindo a notar de há uns tempos a esta parte que se deu uma “invasão” pouco pacífica de gaivotas em Peniche.
Ao longo de muitos anos foram-se pagando muitas dezenas de milhares de contos aos técnicos da Reserva das Berlengas, para de forma científica cuidarem do eco sistema que se desenvolvia no Arquipélago da Berlenga.
O que é certo é que enquanto não houve reserva, entre pescadores, peixes, gaivotas, ratazanas, coelhos, lagartos, e outros visitantes das ilhas ia-se cumprindo o generoso hábito de se cumprir a cadeia alimentar e de cada um gerir os seus interesses particulares sem incomodar muito os seus outros parceiros das ilhas.
Que saudades do burro da Berlenga. Falo do burro mesmo burro. Não falo dos outros... Que saudades do tempo em que se transportavam uns quantos carneiros para a ilha, para tratarem do capim em excesso.
Achou-se que se deviam impor regras no acesso às ilhas, no deambular nelas, no que se poderia fazer ou não. E todos sabemos o que acontece quando os fanáticos ambientalistas começam a produzir sinais de stop.
Deixaram as gaivotas ao Deus-dará. Foi o que elas quiseram. Passaram a multiplicar-se de tal maneira que a breve trecho tiveram de armadilhar comida com veneno para matarem as gaivotas excedentárias. Esqueceram-se os doutos sábios que as gaivotas são os animais mais inteligentes que há a lutarem pela sua sobrevivência.
Quando viram que o peixe estava contaminado, fizeram o gesto do Zé Povinho, para os técnicos do ambiente e mandaram-lhes a eles comer as refeições envenenadas.
A última invenção que lhes passou pela cabeça, foi roubarem-lhes os ovos na ilha. As espertalhonas não foram de intrigas. Passaram a nidificar nos telhados da cidade.
E hoje os nossos telhados são literalmente assaltados por milhares de gaivotas que os vão sujando com detritos, apresentando alguns sinais de corrosão que nunca aqui foram vistos anteriormente. Para já não falar dos automóveis e das fachadas dos prédios.
E aquilo que eram relações de excelência entre os cidadãos do Concelho de Peniche e as gaivotas que de alguma forma até eram aqui bem vindas, tornou-se num inferno que poderá conduzir a uma guerra muito pouco pacífica com a fome das aves e a perturbação da população. Eu já assisti a um ataque massivo de gaivotas a uma caixa de sardinhas que o pessoal tinha arranjado para uma almoçarada daquelas. E já me contaram de ataques a pessoas que estendem roupa nos terraços, ou que trazem para casa as compras do mercado.
Que fazer? Eu por mim voltava ao que era antes. Não sem antes pedir uma indemnização aos técnicos que estragaram o nosso modo de vida.
E punha-os a seguir a plantar árvores na zona ardida do nosso país. Pode ser que se tornem mais úteis.”
Em 2007 com custos imputados à CMP, desencadeou esta uma acção de limpeza dos telhados, para uma tentativa de correcção dos prejuízos que estes passarões, por culpa dos outros “passarões, andam a espalhar por todo o património edificado da nossa cidade. Gostaria no final de saber quanto nos vai custar esta acção. Não para a virmos imputar a quem quer que seja. Mas para a atirarmos à cara dos espertalhões do ambiente quando estes começarem com discursos idiotas.

segunda-feira, maio 28, 2007

CENTRO DE SAÚDE DE PENICHE
Fui hoje ao Hospital Pulido Valente para fazer uma TAC, na sequência dos problemas pulmonares que me foram diagnosticados e tratados.
Para isso, levantei-me às 5 e 30 da manhã, fui de automóvel até Torres Vedras. Aí apanhei às 6 e 50 a Carreira Directa até ao Campo Grande. Desci a pé a Alameda das Linhas de Torres até ao Pulido Valente. Dirigi-me aos serviços respectivos onde já se encontravam pessoas aguardando a abertura dos serviços, aguardei pela minha vez e fui atendido às 8 e10. Pelas 9 horas da manhã já tinha feito o exame correspondente. Saí do Hospital e fui a um café tomar o pequeno almoço com a Anita pois que a TAC tinha de ser feita em jejum e ela faz comigo os meus jejuns, tomei a medicação da manhã e tornei a subir as Linhas de Torres até ao Campo Grande.
No terminal fomos a uma loja comprar mais um fatinho para a menina da minha sobrinha Joana que está quase a nascer e apanhamos a directa para Torres das 9 e 40.
Cheguei a Peniche pela 10 e 55.
Dir-me-ão: - O que tem a ver isto com o Centro de Saúde de Peniche? E eu digo: -TUDO!
É mais fácil ir a Lisboa ser tratado ou medicado num Hospital que recebe por dia milhares de utentes, do que ir ao Centro de Saúde de Peniche e vir de lá ao fim de uma hora.
Num existe eficiência. Noutro existe incompetência. Aqueles balcões de atendimento em Lisboa recebem milhares de pessoas por dia. E tudo corre como rodas. Aqui é a Idade da Pedra e tratamento de cão. E mais não digo.

sábado, maio 26, 2007


SABORES A SOFÁ
Dentro de poucos dias Peniche prepara-se para receber dezenas, ou centenas, ou milhares, ou centenas de milhar, etc., de forasteiros que se preparam para degustar os nossos SABORES DO MAR. A Câmara Municipal de Peniche não se poupa a trabalhos e a despesas para que tudo corra nos “trinques”.
Exemplo disso é a forma fidalga como está a preparar Peniche para receber os forasteiros de forma a que eles se sintam calmos, relaxados e cheios de apetite.
Assim é que vai iniciar-se um processo de distribuição pela cidade de acolhedores e confortáveis sofás para dar o maior conforto aos visitantes, preparando-os para as exaustivas actividades e depois para uma sesta no final das gostosas refeições de “sabores do mar”.
O 1º desses sofás foi colocado na Av. 25 de Abril, junto ao portão de Peniche de Cima e ao que pude constatar tem sido um sucesso junto de todos os que nos visitam. No mínimo o que se ouve é: “- Abençoada terra que recebe assim quem a procura!”

PS: O rasgão, não é um "rasgão". É um toque de arquitectura paisagistica. Modernices...

sexta-feira, maio 25, 2007

REFEIÇÃO DE FIM DE SEMANA
(Para ler e comer)
RUY BELLO
(27 de Fevereiro de 1933/8 de Agosto de 1978)
Licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa. Licenciado em Direito Canónico pela Pontifícia Universidade de S. Tomás de Aquino em Roma. Doutoramento em Direito Canónico. Licenciado em Filologia Românica
Professor e autor de uma vasta obra de ensaios, crítica e poesia. Só em 1991 é reconhecido oficialmente o seu contributo para a língua e cultura portuguesa, sendo condecorado a título póstumo com o grau de Grande Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada.
Falta-me o talento e a arte para falar do Poeta. Outros talentosos poetas portugueses já o fizeram magistralmente. Recordo entre outros Joaquim Manuel Magalhães outro poeta que aqui passou, quando Peniche não era esta amálgama de cimento armado. Do homem recordo as suas incursões por Peniche e Consolação. Recordo-me de o ver nos idos de 60 em amena cavaqueira com o Zé Rosa, encostado às estantes da Húmus.
Tornou-se um apaixonado por esta terra. Pelo nosso mar e falésias. O longe e a distância são o seu alimento. Aqui escreve muitos dos seus poemas dando largas à expressão maior que o mar encerra.
Em 1973 publicou o livro “TRANSPORTE NO TEMPO” de que faz parte o Poema que hoje aqui publico e que, nos torna a todos (os penicheiros) mesmo sem talvez o merecermos, parte indissociável da Obra Literária de Ruy Bello.
NAU DOS CORVOS

Nau parada de pedra que tanto navega
e há tanto está no mar sem nunca a porto algum chegar
nau só a ocidente e todo o mar em frente
condensada insolência intemerato desafio
a mundos devassados mas desconhecidos
corvos de água e de vento aves feitas de tempo
que tão completamente são dois olhos côncavos
e fitos só nas coisas que importam verdadeiramente
nave que sulca não as águas mas os dias
navio de carreira entre o tempo e a eternidade
num espaço onde um simples segundo tem a minha idade
pedra que só aqui se liquefaz
água que só aqui solidifica
cais quente coração de corvos
vistos por quem nunca antes vira a solidão caber
em tão poucos centímetros quadrados
do mínimo de corpo necessário para a vida se afirmar
ó nau navio corvos pedra água cais
aqui estou eu sozinho todos os demais ficaram para trás Aqui nada decorre e nada permanece
aqui os corvos são a solidão multiplicada
consistente conglomerada mas estilhaçada
unificada mas feita em bocados
De todos estes bicos curvos extremo ósseo dos corvos
onde depois os corvos passam a ser pedra e depois água
sai uma voz vasto discurso cada vez
Os corvos são a pedra menos pétrea do cabo
é nos corvos que o mar deixa de ser marítimo
Nesta nau se efectua esse comércio secular
da terra feita pedra com a água mais doméstica do mar
A névoa envolve e como que enovela os corvos
a rocha é um buliçoso e anárquico aeroporto
donde em cada momento sai um corvo
aéreo ante cujo vulto que levanta eu me curvo
O moreira batista decerto gostaria que os corvos
se não os palradores os que ganham prémios literários
pelo menos os rudes negros os incultos mas os verdadeiros corvos
poisassem sempre no mais alto do rochedo
mas quando no inverno sopra o vento norte
e sentem frio poisam nalguma parte baixa para o lado sul
e estão-se marimbando para a propaganda
de um país vendido que eles não compraram
eles humildes corvos aves e não peixes nunca tubarões
Só aqui podem ver-se às vezes coisas invisíveis
o infinito aqui começa a acabar
em nenhum outro sítio se ouve tanto o inaudível
nem assim se define o que não tem definição
Deste porto se parte para mais que transatlânticas viagens
e em tão poucos segundos é difícil ver tantas imagens
Ninguém é cidadão desta tão pétrea pátria
nem mesmo há quem mereça aqui poisar só por instantes a cabeça
até que a prostração mais funda no total desapareça Permite ó nau petrificar aqui
a minha sensação mais passageira
ou o meu mais instável pensamento
Eu nunca até agora e já sou velho vi
quebrar assim o tempo como quebra em ti
Que aqui o sol escureça e a noite que amanheça
neste morrer da terra onde uma vida sem cessar começa
Que após ter visto a nau mais náutica de todas essas naus
que sulcaram os inumeráveis séculos oceânicos
feitos tanto de tempo como de água
finalmente me fosse lícito fechar
definitivamente os olhos que apesar de tanto olhar
não conseguem optar entre a pedra e o marE só agora findas as palavras eu pressinto
pela primeira vez haver algum poema
por detrás do poema pura coisa de palavras

quinta-feira, maio 24, 2007

OS PARADIGMAS DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO
Instalou-se no nosso país uma obsessão com a liberdade de expressão que torna este bem essencial da democracia, por vezes presa de uma cultura de impunidade total.
Quando aquele senhor da Madeira me trata por “cubano” está a fazer humor ou está a tentar ofender-me, sem saber sequer quem eu sou? Quando o mesmo dito cujo senhor utiliza a mesma linguagem desbragada para se referir aos sucessivos Presidentes da República, ou 1ºs Ministros, está a utilizar a Liberdade de Expressão “lato sensu”, ou está a pretender ofender onde dói mais, aquelas figuras públicas?
Quando no café chamamos “fdp...” ou “p...”ao 1º Ministro estamos a utilizar o Direito da Liberdade de Expressão ou estamos a pretender denegrir aquele representante do Estado que nos desagrada?
Não confundo ofensa gratuita com “Humor” saudável. Adoro os sketches dos “Gatos Fedorentos” de quem sou um fã incondicional. Ou do Herman dos bons velhos tempos. Julgo que já me expliquei bem ao que vinha. Vem isto tudo a propósito da celeuma de que os Jornais e Televisões se têm dado eco, quanto a uma “pretensa ofensa” que um senhor que até já foi deputado, e que se encontra a desempenhar funções de favor do Governo para não ter que trabalhar com alunos, teria dirigido ao 1º Ministro nessa qualidade. Ninguém sabe o que se passou a não ser os intervenientes na situação. Mas toda a gente opina que se cometeu um crime ao proceder a um inquérito disciplinar. Somos um povo engraçado. Falamos de falta de autoridade nas escolas, quando se trata dos comportamentos das criancinhas em relação aos senhores professores. Mas se for à atitude dos professores entre si, ou destes para com os seus superiores hierárquicos, já é um problema de atentado à Liberdade de Expressão. Não me façam rir por favor.
Reivindico a partir deste momento o direito aos alunos para poderem contar “piadas” sobre os seus professores, ou referirem-se às mães dos seus mestres, em nome da LIBERDADE DE EXPRESSÃO.

quarta-feira, maio 23, 2007

DE QUE TÊM MEDO OS PROFESSORES?
Algumas reflexões me merecem as notícias entretanto difundidas sobre os exames de aferição do 4º e 6º ano de escolaridade.
Desde logo a forma como os média se comportaram ao invadirem as escolas e fazerem disso um espectáculo, interrogando crianças dos 9 aos 12 anos com perguntas estúpidas e espúrias sobre os seus sentimentos face aos exames em que iriam participar. Por muito que os professores tivessem preparado os seus alunos para a normalidade da situação, o comportamento dos jornalistas e sobretudo das televisões, transformaram tudo num momento de excitação e nervosismo para as crianças, que tiveram que ter os seus resultados nos seus comportamentos no decorrer das provas em que participaram. Se os adultos quando vêm uma câmara de televisão se passam, o que não acontecerá com as crianças.
Mas não foi sobre este assunto que vi os professores insurgirem-se. Nem foi uma discussão sobre os fundamentos e consequências pedagógicas da introdução de factores estranhos (os exames) na prática lectiva. Quais as consequências para as atitudes dos alunos, de uma actividade que há muito deixou de fazer parte das actividades das escolas nestas fases etárias?
Pior, não vi ninguém preocupado em saber como se comportar face aos seus alunos numa situação de exames. E como preparar os seus alunos para isto. Não vi ninguém manifestar-se antes dos exames acontecerem. Foi no próprio deles em que eles aconteceram que se manifestaram a criaram mais pressão psicológica sobre os meninos e meninas. Porque não me venham os senhores professores com tretas. Sabem que os miúdos vêm televisão. E sabem que ainda vem aí o exame de aferição de Matemática. Quem está a criar desajustamentos nas criancinhas são os próprios professores. Mas com isso não se preocupam eles.
Os professores em todos os órgãos de comunicação social a que tive acesso, temem que as provas permitam concluir sobre as suas incapacidades para a actividade que desenvolvem. Isto é, não os afecta a avaliação dos alunos. Se eles estão bem ou mal preparados. Se apreenderam ou não as matérias leccionadas. O que os preocupa é se isso pode permitir concluir sobre as suas próprias capacidades de desenvolverem a actividade para que são pagos com o dinheiro de todos nós. É o seu umbigo que os preocupa. Não é o que acontece ou pode acontecer às nossas criancinhas. O que mais me indigna nem é os professores terem esta atitude. Pelo que conheço de muitos é perfeitamente natural. O que me surpreende é que sejam os sindicatos os seus porta-vozes. Perderam o pudor por completo.
Então mesmo que fosse verdade o Ministério da Educação querer também testar o que os professores andam a fazer, não o pode fazer? Quer dizer que os professores recebem o ordenado e não se lhes pode pedir resultados ou justificações para a falta deles? Quer dizer que quem não cumpre com as suas obrigações não pode ser responsabilizado por isso? Tenham juízo meus senhores.

segunda-feira, maio 21, 2007




COISAS SIMPLES DE QUE GOSTAMOS
Gostamos de ver que existem preocupações com o lazer dos mais pequenitos.
Gostamos de ver Junta de Freguesia e Câmara Municipal de mãos dadas a tratarem disso.
Gostamos de ver que as atitudes dos autarcas está a mudar e que nos informam sobre o que está a acontecer. A eles não custa nada e nós até ficamos com a impressão de que somos gente. Já não era sem tempo.

domingo, maio 20, 2007

MERECE A PENA
No início das minhas deambulações pelas coisas do espírito, dei de caras com um autor que me marcou para sempre. Refiro-me a um Matemático e Filósofo Inglês de seu nome Bertrand Russell, infelizmente hoje completamente esquecido, de tal maneira que é muito difícil encontrar alguém que lhe reconheça o nome e a obra.
Os 3 livros que na altura devorei foram, “Porque não sou cristão”, “A Conquista da Felicidade” e “História do Pensamento Ocidental”. Livros que fui emprestando a amigos vários até que lhes perdi completamente o rasto. Só agora consegui (re)adquirir os dois primeiros, já que o terceiro me dizem estar esgotado há muito.
Retiro para aqui um código de conduta liberal proposto por Bertrand Russell, em oposição ao “Decágolo” cristão. Em minha opinião e, depois do Concílio do Vaticano II eles não estão assim tão em oposição. Quem é que não acha que ele merece a pena, num tempo em que os valores parecem estar em declínio? Por mim me parecem que deveriam ser bem amadurecidos pelas pessoas da minha terra para se tornarem intervenientes na construção de um concelho melhor e muito particularmente dedicoõ aos políticos de "pacotilha" que pululam por aí.
1. Não tenha certeza absoluta de nada.
2. Não considere que valha a pena proceder escondendo evidências, pois as evidências inevitavelmente virão à luz.
3. Nunca tente desencorajar o pensamento, pois com certeza você terá sucesso.
4. Quando você encontrar oposição, mesmo que seja de seu marido ou de suas crianças, esforce-se para superá-la pelo argumento, e não pela autoridade, pois uma vitória dependente da autoridade é irreal e ilusória.
5. Não tenha respeito pela autoridade dos outros, pois há sempre autoridades contrárias a serem achadas.
6. Não use o poder para suprimir opiniões que considere perniciosas, pois as opiniões irão suprimir você.
7. Não tenha medo de possuir opiniões excêntricas, pois todas as opiniões hoje aceitas foram um dia consideradas excêntricas.
8. Encontre mais prazer em desacordo inteligente do que em concordância passiva, pois, se você valoriza a inteligência como deveria, o primeiro será um acordo mais profundo que a segunda.
9. Seja escrupulosamente verdadeiro, mesmo que a verdade seja inconveniente, pois será mais inconveniente se tentar escondê-la.
10. Não tenha inveja daqueles que vivem num paraíso dos tolos, pois apenas um tolo o consideraria um paraíso.

Bertrand Arthur William Russell, 3º Conde de Russell, (18 de Maio de 1872 - 2 de Fevereiro de 1970), britânico, foi um dos mais influentes matemáticos, filósofos e lógicos que viveram no século XX .

sexta-feira, maio 18, 2007

HÁ “PITROIL” NA PRAGEIRA...
Afinal a notícia que tem circulado pela imprensa nacional, de que haveria petróleo na bacia de Peniche, não se concretizou.
As reservas que tornam Peniche o 3º produtor mundial de petróleo situam-se na Prageira o que veio dar àquele espaço um aspecto que nem os piores pesadelos dos ambientalistas poderiam ir tão longe.
Publicamos um conjunto de fotografias em que se podem ver as estruturas metálicas que ocupam o que antigamente era o espaço ocupado pelo Pingo doce e outros estabelecimentos. O que ainda mais nos custa é ver o aspecto do lodaçal onde antigamente se erguia a escola primária que servia aquela zona. Tudo em nome dos “petrodolares” que começaram a chover em Peniche e que tornaram o nosso Concelho, um autêntico sultanato árabe das mil e uma noites.

quinta-feira, maio 17, 2007

DESCUBRA AS DIFERENÇAS... ...não se trata de um exercício difícil de acertar. O “velhinho” Bairrista, já estava em fase de apodrecimento e presumimos que repará-lo seria insuportável financeiramente. Ao mesmo tempo tinha-se tornado um depósito de lixos sem sentido. Para além de servir durante a noite a protecção a situações nem sempre desejáveis. Mas, a propósito desta limpeza, lanço daqui a um apelo veemente à sensibilidade dos autarcas da CMP e da JF.
Preservar devidamente a memória dos estaleiros que aqui se situavam é fundamental para memória futura. Um povo que se desconhece e ao seu passado, não pode construir o seu futuro. E nós que aqui em Peniche somos “useiros e vezeiros” em dar machadadas na nossa memória colectiva.
Jean-Yves Blot, tem sobre isso uma ideia meritória que deveríamos aproveitar de forma salutar. Afinal, na zona envolvente temos os Fornos Romanos para o fabrico das bilhas de salga de Peixe, a Construção Naval em madeira ali tão bem representada e, a zona de afundamento de Navios, representada pelo São Pedro de Alcântara. Para já não falar da destruição acéfala das Unidades Industriais de conservação de peixe que se verificou ali tão perto, pelo apetite guloso dos empreendedores imobiliários e dos incompetentes que nos têm governado.
Isto é, tudo quanto ao mar diz respeito ali está separado por escassos metros de distância: - Construção Naval, Pesca, Indústrias subsidiárias como a conservação de peixe. E ao que parece em toda a Europa não há um caso que a este se compare, de tão perto estarem situadas as representações vivas do que foi a saga dos pescadores e da pesca.A minha esperança, de que tenhamos coragem e saber para fazer o que nos compete. Em nome das gerações futuras.

quarta-feira, maio 16, 2007

A VOZ DO MAR
A notícia em jeito de comunicado inserta na pág. 3 da sua última edição, só pode apanhar desprevenidos os menos atentos. O Prof. Seara que ao longo das últimas décadas tem sido a “alma mater” deste periódico regionalista abandona as suas funções como Editor e Director, por razões que se prendem com incompatibilidades com a Administração do jornal cá do burgo.
Na hora de optar, o proprietário do Jornal fez a sua escolha, partindo as suas ligações com o elo mais fraco. Não nos iludamos. O responsável pela retirada do Prof. Seara é a empresa sua proprietária.
O que vai acontecer a partir de agora a este periódico é muito pouco importante. Peniche não tem, em minha opinião, condições de facto para ter um Jornal a sério. “A Voz do Mar” vai melhorar a sua função com a saída do Seara. Este dava-lhe um ar de independência que agora vai perder definitivamente. Vai passar a ser aquilo que deve ser. Um Jornal de Paróquia sem eufemismos. Vai trazer mortos, casamentos e baptizados, umas transcrições de literatura avulsa de cariz católico e pouco mais. Aliás o que tem sido desde sempre, embora com uns borrifos de perfume com que o Seara de vez em quando o aspergia, para lhe poder dar um certo ar do seu tempo. Mas as pessoas cansam-se.

terça-feira, maio 15, 2007

MANUAIS ESCOLARES Na sequência do apontamento que ontem aqui ficou em letra de forma, recordei um episódio comigo passado enquanto Presidente do Conselho Directivo que hoje vos deixo aqui.
Num dia qualquer em Abril ou Maio, recebi a informação de que um senhor (e disseram-me o nome) me pretendia falar. Reconheci de imediato o nome da pessoa em questão. Tinha feito a tropa comigo em Mafra, depois tinha ido comigo para a Trafaria para o Quartel de Reconhecimento de Transmissões, onde tirou uma especialidade como eu de Transmissões como eu. Só que a certa altura ele foi para Moçambique e eu fiquei por cá. Todas essas recordações me assaltaram e quando o vi foi uma festa imensa o reencontro. Depois de alguma cavaqueira ele disse-me ao que ia. Era proprietário duma pequena Editora de Manuais Escolares e vinha apresentar-me as suas edições. Ao ler quem era o responsável pela escola da Atouguia, reconheceu o meu nome e considerou a possibilidade de eu lhe dar uma ajuda na boa aceitação dos seus livros. Depois de falarmos um bom bocado, convidou-me para almoçar e lá fomos até ao Restaurante Atlântico que na altura ainda funcionava com os méritos que todos nós lhe reconhecíamos. Foi aí que durante o almoço e com a conversa a intimizar-se que o meu amigo me garantiu os seus livros, dando-me a sua última preciosa indicação que me ficou gravada para o resto da minha vida: “Anjos Costa, garanto-te que de facto os meus livros foram feitos para os professores, para que estes não tenham de perder muito tempo a preparar lições, trabalhos de casa, ou a desenvolver testes. Os professores com estes livros ficam com tempo livre para o que mais lhes agradar” sic. O almoço terminou, (eu paguei porque não queria deixar a ideia ao meu amigo que me vendia por um almoço) e lá fomos com votos de renovados encontros cada um para seu lado. Depois de terminado o prazo para adopção dos manuais na minha escola, foi com alguma ansiedade que fui ver quais tinham sido as opções dos professores, Tirei um peso enorme de cima dos meus ombros quando verifiquei que da editora do meu amigo não tinha sido escolhido qualquer manual. Ele também nunca mais me contactou. Não vendeu manuais e eu perdi um amigo.
Nesta história, verdadeiramente relevante foi o que eu aprendi no almoço daquele dia longínquo na Atouguia. Os manuais escolares não são feitos para os alunos. São feitos para os professores, para não terem que trabalhar muito. Os alunos não se dão bem com os manuais? Não importa desde que os professores os curtam e lhes poupem trabalho. Preparar aulas é uma chatice. Elaborar fichas, uma dor de cabeça. Fazer testes é um desconsolo. Que importa o resto desde que os manuais nos retirem essas tarefas aborrecidas.
E e virmos as notícias dos Jornais, vemos que o que vos relato ainda é um facto e com o apoio do ME. Nas notícias, nem uma única palavra para os alunos.
Governo aprova decreto-lei sobre avaliação dos manuais escolares
O Conselho de Ministros aprovou no dia 10 de Maio o Decreto-Lei que regulamenta a Lei n.º 47/2006, de 28 de Agosto, que define o regime de avaliação, certificação e adopção dos manuais escolares do Ensino Básico e do Ensino Secundário, bem como os princípios e objectivos a que deve obedecer o apoio sócio-educativo relativamente à aquisição e empréstimo de manuais escolares. Com este diploma pretende-se, assim, que seja garantida a conformidade dos manuais escolares com os objectivos e conteúdo dos programas e orientações curriculares, promovendo a elevação do seu nível científico-pedagógico e proporcionando às famílias formas de utilização dos livros menos dispendiosas.
PS: Propositadamente não me referi neste blog, às ofertas de presentes pelas Editoras às Escolas, aos Delegados de Disciplina e aos Professores. Também não me referi à oferta pelas Editoras a professores de comissões nas vendas se forem seus representantes, levando assim a promiscuidade ao seu extremo máximo. Também aqui não ouvi até hoje nenhum Sindicato reprovar tais ligações e chamando assim a atenção para uma quebra de conducta Deontológica a quem se prestar a este negócio sendo professor.

segunda-feira, maio 14, 2007

ESTÁ TUDO MUDADO...
A 1ª acção de Formação em que participei, foi em 1972 ou 1973 em Leiria, era eu professor aqui na Escola Comercial Industrial de Peniche. Durou 3 dias e fui com a minha prima e colega Miúcha, que na altura era professora de Português. Eu e ela porque éramos Coordenador e sub-coordenador dos Directores de Turma e a Formação destinava-se aos professores que aqui no Distrito desempenhavam essas funções.
Depois dessa foram inúmeras e inumeráveis as acções de formação em que participei. Algumas interessantes, algumas importantes, mas na sua grande maioria perfeitamente dispensáveis. Recordo que durante muitos e muitos anos a grande maioria dessas acções era dedicada à Avaliação dos Alunos no contexto de Ensino-Aprendizagem. Casa da Cultura: ARTE DIGITAL- Bruno Santos
Curiosamente a partir de certa altura essas actividades dedicadas à Avaliação dos Alunos, desapareceram por completo. Sou capaz de localizar o momento. Foi quando apareceu o novo modelo de Avaliação dos Professores em que para se poder subir de Escalão, se tinha de participar num certo número de módulos de Formação Contínua. O que coincidiu também com a chegada às escolas das primeiras fornadas de professores saídos das Escolas Superiores de Educação.
A partir do momento em que se organizaram empresas externas às escolas para desenvolver Acções de Formação por “encomenda” para subir na carreira, os professores começaram a solicitar formação em áreas que lhes dessem ao mesmo tempo alguma actualização na área das Novas Tecnologias, pouco trabalho, e o maior número possível de créditos. O interesse pela Avaliação dos alunos, perdeu toda e qualquer motivação e passou para o lugar das exigências mínimas de actualização para os saberes de ser professor.
Chegamos aos dias de hoje em que o resultado das avaliações (ditas contínuas) é lançado no computador, sem que as reuniões convocadas para o efeito tenham qualquer efeito no que já foi lançado ou carácter pedagógico, os professores deixaram de saber fazer testes de Avaliação, ou sequer de formular perguntas num teste.
Pergunte-se a um professor nos dias que vão correndo, como se calcula o tempo necessário para um aluno com um grau de conhecimentos médios responder a um teste, para ver se ele sabe. Veja-se a formulação das questões que aparecem nos testes e verifique-se que na grande maioria das vezes, a mesma pergunta encerra respostas com recursos a saberes diferenciados e afastados nos conteúdos uns dos outros. Em contrapartida, os jornais aparecem com grandes parangonas preocupados com a Avaliação dos Professores. Como se essa pudesse ser importante e a dos alunos não. Como se uma se pudesse dissociar da outra. Ou com as avaliações dos manuais escolares. Ou com os Regulamentos Disciplinares dos alunos. Quanto à avaliação dos alunos tudo está em paz na costa ocidental. Que importância tem se nos enganarmos sobre um aluno? É só mais um. Um alunos mal avaliado tem tempo para recuperar... Para o próximo ano logo passa... Quando os média falam dos professores, era bom que percebessem de que forma estes se constituíram em “lobby” com o apoio dos Sindicatos e que percebessem bem o que eles hipotecaram para atingir os seus fins. É por aí que deveríamos começar a pôr a casa em ordem. Afinal, só existem professores porque existem alunos.

sábado, maio 12, 2007

(RE)VISITAR O PASSADO
Aqui há dias, a propósito da Loja Maçónica de venda de Renda de Bilros, falámos da Rua Alexandre Herculano. É um outro trecho desta rua que vos trago este fim de semana. A foto mostra esta artéria entre onde hoje se situa a Loja dos Mamedes e a actual Pensão Aviz. A loja dos Mamedes e o prédio onde hoje se situa a Marisqueira “Adamastor”, eram prédios de 1º andar num tipo de construção característico de Peniche da época (início do séc. XX).
É difícil reconhecer hoje o prédio onde se encontra o Auto-Oceano, a ourivesaria Cação Ribeiro o Emabar, e o café Aviz. Junto a uma porta onde iria nascer o Café Aviz, está “estacionado” um burro. O prédio a seguir está em construção. Aí iria nascer a nova estação de Correios, hoje desactivada nesse objectivo.
A seguir vê-se um quintal, com uma palmeira já com algum porte, no local onde actualmente se situa a Caixa Geral de Depósitos.
A seguir está um prédio de rés-do-chão onde anos mais tarde irá surgir a Pensão Aviz, tal como a conhecemos hoje.
Ao fundo ao alto vê-se a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, hoje completamente tapada pela construção em altura entretanto edificada.
A Rua é empedrada e passeio só do lado do Jardim Público. Este é envolvido por muro de alvenaria e as entradas são em Pórtico. O Clube já lá está.
É uma imagem cheia de ternura pelo nosso passado que vos ofereço.

sexta-feira, maio 11, 2007

FUI AO MÉDICO
De 3 em 3 meses, mais coisa menos coisa, (re)visito o meu cardiologista que por três vezes já andou a espiolhar as profundezas do meu coração. Agora é mais um pretexto para a meio da semana ver a minha Maria e, se ela estiver para aí virada estar um bocado com ela e com o seu complemento (digo isto com carinho e fica a ressalva, não vá aquela coisa comprida ler o meu blog).
O meu médico trabalha na equipa do Vítor Gil, e é um dos responsáveis por eu ainda andar por cá a incomodar meio mundo. Devo-lhe isso. Não digo nome dele não vão os que sentem prejudicados pela minha existência, sentir vontade de lhe dar um tiro.
Sempre que vou à revisão, vou com o credo na boca não vá ouvir notícias que sei me irão desagradar. Por isso me tenho portado bem. Cada vez “curto” mais estar vivo.
Só de pensar que posso morrer, já tenho saudades de mim.
PS: Ao que dizem, Maio é o mês do Coração. O meu que tem vindo a ser recauchutado, está bem e recomenda-se. Mas deixei de fumar.

quarta-feira, maio 09, 2007

A LOJA
Finais do sec. XIX, início do sec. XX. Chamava-se “Nova Africana” e era propriedade de “Jacinto Alexandre”. Situava-se nos nºs 2,3 e 4 da Rua Alexandre Herculano, logo a seguir ao Vilas, num prédio que hoje não existe como era ao tempo e a seguir ao que é hoje uma loja de acessórios de automóveis. Era um “estabelecimento de fazendas e manufactura de rendas”. Lia-se no verso do postal que servia da suporte publicitário e que dizia:
“- Encarrega-se o proprietário d’esta casa de todo e qualquer trabalho da indústria de rendas, para o que tem pessoal habilitado. Envia amostras a quem o requisite.
- Para rendas que não possam ir à amostra, tais como Colchas, Almofadões, Cabeções, Encache de camisa, Lenços, Franjas, Naperons, Aplicações, Chamins-de-table, etc., etc., ENVIA FOTOGRAFIAS. PREÇOS REDUZIDOS.”
Quer o negócio, quer a forma de publicidade, quer o desenvolvimento do comércio das rendas não ficavam nada a dever ao que hoje se faz, mais de um século depois. Em boa verdade houve mesmo um nítido retrocesso. E hoje as rendas de bilros são mais um pretexto, que um objectivo em si mesmo.
Mas o que é verdadeiramente surpreendente neste postal, é o símbolo da LOJA MAÇÓNICA, que vemos no postal na zona superior central do postal. Aquele triângulo irradiante de luz é inconfundível. Peniche era mesmo na época um centro difusor da sociedade portuguesa da época. Isto porque as pessoas tinham ideias e ideais e assumiam e lutavam por elas, dando a cara sem receio, nem sofismas. Quem era Maçon, era Maçon até ao fim. Quem era outra coisa qualquer ou não era coisa nenhuma, assumia isso de cara levantade e dando o nome às coisas que afirmava e defendia. Os dias de hoje são um enorme retrocesso. E Peniche tornou-se a terra insípida e cinzenta que é.

segunda-feira, maio 07, 2007

HISTÓRIAS DO MEU TEMPO
Era uma vez... eu era professor. Na minha profissão contactei com centenas de outros professores, milhares de alunos, muitos milhares de pais, pelas 4 partidas do Mundo por onde a minha profissão me permitiu passar. Conheci muita gente portanto. É claro que temos tendência ao fim de tantos anos, só para recordar o que nos marcou muito ou pela negativa ou pela positiva.
Hoje quando hoje um conjunto de frases feitas sobre as escolas, sobre os professores ou sobre os alunos, apetece-me gritar e dizer que não existem remédios nem conceitos para esta ou para aquela situação, porque de facto cada caso é um caso. Reagir de forma errada pode condicionar o futuro dos que são alvo dessa atitude. Em mais de 50% dos casos as situações difíceis resolvem-se só com bom senso. Nenhum Regulamento Interno, nenhuma legislação sobre Disciplina Escolar contém as panaceias do que diariamente todos, professores, alunos e funcionários, temos que enfrentar numa escola.
Estou a recordar-me duma professora que conheci nos meus últimos 10 anos, que odiava a generalidade das crianças da escola. Esse ódio sentia-se em todas as suas atitudes. De tal maneira era evidente que as crianças que tinham o azar de pertencer a turmas com que ela trabalhava, falavam nisso com o à vontade de quem está a conversar sobre uma situação perfeitamente normal. E quanto mais as crianças tivessem problemas de aprendizagem ou por serem crianças com problemas, ou por pertencerem a substractos da população, mais era o asco que ela sentia por elas. O que estava errado não era essa senhora ser assim. Era como é que o sistema funcionava com tal permissividade que tornava possível uma criatura assim tornar-se professora efectiva sem que alguém pudesse pôr cobro a tanta tortura para ela própria e para os seus alunos.
E assim passaram gerações de alunos sem aproveitamento por razões que as estatísticas dirão que, são certas disciplinas que condicionam as aprendizagens.

domingo, maio 06, 2007

UM DOMINGO BUCÓLICO...
Domingo de manhã. A Caminho do Baleal. Peniche numa outra faceta tantas vezes vista, mas poucas vezes despertados para a beleza, a Paz e quietude do momento agora fixado em imagens. Gosto da minha terra.


sábado, maio 05, 2007

OS CAMINHOS DA AUTONOMIA
“As Associações de Escolas
Em 2001 fomos convidados para apresentarmos em Lisboa no Auditório da Escola Superior de Comunicação Social perante as estruturas centrais do Ministério da Educação, a nossa experiência como gestores da Escola EB-2.3 da Atouguia da Baleia. O texto é um pouco extenso para um blog (?), mas num tempo em que toda a gente "palreia" sobre educação pareceu-me interessante ressuscitar esta experiência. Para que conste. E não está tão desatualizado como a mera indicação de datas pode fazer supor.
Ex.mos Senhoras e Senhores, responsáveis pelas diferentes estruturas do Ministério da Educação

Minhas senhoras:
Meus senhores:
Quando há 5 anos precisamente feitos agora, recebemos um edifício novo, com cadeiras e mesas, algum equipamento, umas quantas esferográficas e alguns quilos de papel em branco, para instalar uma Escola, olhámos uns para os outros e decidimos ali mesmo, no momento de começar a nossa actividade que o nosso objectivo prioritário seria o de lhe criarmos uma alma. Aquele edifício vazio e frio, cheio de ecos e de humidade do cimento ainda fresco, seria, teria que ser, um espaço de Alegria e de Amizade, que teria de influenciar para o futuro as gerações de alunos que ali passassem.
Assim é que metemos mãos à obra em dois sentidos dominantes: Partir em busca de uma identidade que nos unisse, descobrir o que poderíamos aprender que nos tornasse úteis num concelho em recessão económica e de graves carências sociais. Para levar a cabo a primeira das tarefas construímos no primeiro ano de existência o nosso Projecto Educativo, com o apoio de professores, alunos, funcionários, Associação de Pais, Câmara Municipal e Junta de Freguesia, Equipa de Educação Especial e Delegação Escolar.
Para levar a cabo a segunda tarefa, durante o primeiro ano de existência fizemos a avaliação dos saberes dos nossos alunos, dos seus valores e cultura geral, das suas motivações e aptências, do mundo laboral que determinava a área de influência da Escola, das saídas sócio profissionais e escolares possíveis, das dificuldades e carências das escolas do 1º Ciclo que nos enviavam os seus alunos, dos apoios institucionais a solicitar quer ao CAE/Oeste, quer à DREL.
Escusado será dizer que no final do 1º ano de existência, tínhamos a consciência de que a constituição de turmas tinha que ser alterada, havia que aprofundar relações quer com as Escolas Básicas do 1º Ciclo, quer com a Escola Secundária, teríamos que fazer adaptações curriculares, alguns alunos embora integrados, teriam que passar por uma formação pré-profissional e que ... a rua, a vila, a população, os pais e encarregados de educação esperavam de nós mais e melhor.
Assim, no segundo ano iniciámos a assinatura de protocolos de colaboração com o CREAP (Centro de Reabilitação Profissional de Peniche), CENFIM, FORPESCAS, com Empresas da Área de influência da Escola, para a integração e Formação Profissional de alunos que com mais de 15 anos tinham como expectativa a inserção na vida activa..
Lançámos protocolos de colaboração com a Delegação Escolar e com a EB-1 de Atouguia da Baleia, no sentido dos alunos do 4º ano de escolaridade da vila, passarem a trabalhar na nossa escola as actividades de expressão físico-motora e a iniciação à Língua Estrangeira. Paralelamente disponibilizámos os nossos equipamentos gráficos e audiovisuais àquele estabelecimento de ensino. Iniciámos um projecto de interacção com a Junta de Freguesia no sentido de aquela Junta proceder à manutenção dos nossos parques ambientais e a Junta passou a utilizar os nossos equipamentos mecânicos na vila.
Acordámos com os empresários da área de influência da Escola na realização de um evento aberto à população de dois em dois anos com o seu apoio e suporte financeiro, a integrar nas Festas de Verão do Concelho de Peniche. E assim é que milhares de pessoas acorreram à Vila de Atouguia na realização da Feira Quinhentista e na Feira de Actividades Económicas.
Lançámos com o apoio da Escola Secundária de Peniche as actividades de integração dos nossos alunos naquele estabelecimento de Ensino, no âmbito do Projecto, “9º Ano e Agora?” e o processo de matrículas no 10º ano passou a ser da nossa exclusiva responsabilidade, sob a supervisão da Escola Secundária.
Iniciámos em colaboração com o Instituto de Reinserção Social a inclusão de jovens do Colégio de S. Bernardino que passaram a fazer o 3º ciclo na nossa Escola e tivemos alguns êxitos de que muito nos orgulhamos. Queremos destacar aqui o apoio que sentimos da Associação de Pais que sempre nos apoiou nesta iniciativa e que embora atenta à situação destes jovens em risco, nunca tomou qualquer atitude xenófoba ou fundamentalista nesta matéria.
E minhas senhoras e meus senhores o tempo corria e a nossa Escola deixou de ser um espaço fechado, para passar a ser um local onde os pais e as famílias passaram a acorrer para resolver os seus problemas. Com a ajuda da Junta de Freguesia e da Câmara Municipal, com a colaboração dos Rotários e da Delegação da Cruz Vermelha, com contributos de cidadãos anónimos e de pequenas e médias de empresas, colaborámos na construção de casas de banho em casa dos nossos alunos, reforços alimentares, aquisição de vestuário, etc.
Com a colaboração de médicos residentes na Atouguia passámos a ter médico Escolar na Escola, desenvolvendo a temática “Educação para a Saúde” que o Centro de Saúde por falta de Recursos humanos não podia desenvolver. Com o apoio de uma companhia de Seguros, fizemos um Seguro de Responsabilidade Civil que abrange todos os nossos alunos, professores e Funcionários, que começa onde termina o Seguro Escolar. Com o apoio da Câmara Municipal, da Assembleia Municipal e da Junta de Freguesia, fizemos um Protocolo de transferência de competências para esta última e para a Escola no que respeita ao Pavilhão Gimnodesportivo e este hoje sem sobressaltos está efectivamente ao serviço da Comunidade, e esta é uma parte importante no seu aproveitamento em pleno.
Com o apoio do Centro de Formação de Professores de Peniche iniciámos acções de Formação para os Professores do 1º Ciclo e Educadores de Infância da àrea de influência da Escola e com eles colaborámos na execução dos Projectos Educativos das suas Escolas.
Lançámos mãos ao Despacho Conjunto do ME e do MEQP e iniciámos a aprendizagem das Rendas de Bilros na nossa Escola, actividade que faz parte do Património Cultural do nossos Concelho, que no seu 1º ano contou com a participação de 130 alunos e que contou com o apoio da DOCAPESCA, SA, que para nós adquiriu almofadas e bancos, indispensáveis a esta aprendizagem.
E ... estávamos nós muito descansados a fazer estas coisas, quando surgiu o Despacho Normativo 27/97. Reunimos com os nossos colegas do 1º Ciclo e conversámos sobre isto. E chegámos a uma conclusão. Este instrumento legal não era mais do que a institucionalização daquilo que entre nós, na Área Rural do Concelho de Peniche, mais coisa, menos coisa, já vínhamos a fazer. Aí decidimos avançar. Solicitámos o parecer da Câmara Municipal de Peniche que em sessão ordinária deliberou apoiar-nos na nossa iniciativa. Quando enviámos a proposta ao CAE, este chamou-nos a atenção para o facto de estarmos coxos. Faltavam-nos os Jardins de Infância da rede pública.
Mais um encontro, este com a presença do Sr. Coordenador e aqui estamos hoje todos juntos a falar do caminho que trilhámos para aqui chegar.
Como a canção podemos dizer: “viemos de longe, de muito longe. O que nós andámos para aqui chegar...” Hoje somos 157 crianças dos Jardins de Infância, 449 alunos do 1º Ciclo, 690 alunos do 2º e 3º Ciclo. Somos 109 professores e 60 funcionários. Representamos toda a área Rural do Concelho de Peniche. Freguesias da Atouguia da Baleia, Ferrel e Serra d’ El-Rei.
Que ao longo de 5 anos se foram conhecendo e aproximando e trabalhando em conjunto. Que se aperceberam que isoladamente não existem. Que aprenderam a confiar nas suas capacidades e na força que unidos podem ter para poderem realizar a sua actividade profissional de forma mais harmoniosa e consequente.
Diria que muitos são os caminhos da autonomia. Para nós foi o da identidade. Conhecermos e amarmos a nossa terra e identificarmo-nos com ela. Conhecermo-nos uns aos outros. Conhecermos e identificarmo-nos com o meio em que trabalhamos. Aprendendo os seus valores, a sua cultura e a natureza dela. Podíamos dizer que o nosso Projecto de Autonomia, consubstanciado neste momento numa capacidade organizacional, está a dar os seus primeiros passos. Por agora, reconhecida que foi a nossa identidade colectiva, vamos assumir essa responsabilidade e solidariamente desbravar os sinais de esperança que se abrem para nós. Vamos partir para a obtenção de um Projecto Educativo comum, no fundo transcrever em sinais e símbolos aquilo que, numa concepção sartriana já vai sendo a nossa “práxis”.
Iremos aprofundar as nossas relações com os Jardins de Infância e as Escolas do 1º Ciclo, oferecendo-lhes meios e colaboração e delas recebendo o conhecimento e o saber que irão permitir uma integração adequada e facilitadora das crianças na nossa Escola.
Iremos criar condições que permitam acções de Formação conjuntas visando a adequação dos saberes ao meio em que vivemos.
Iremos colaborar em planos de actividades complementares que racionalizem meios e recursos. Iremos estudar e implementar um Regime de Funcionamento do Conselho Pedagógico da Associação de Escolas que permita uma interacção entre pares e iguais nos vários níveis de Ensino. Começaremos por aqui a trilhar os nossos caminhos agora comuns.
Não sabemos aonde isto nos levará. Queremos ser capazes de sentirmos o espanto e a surpresa.

Minhas senhoras
Meus senhores
Perdoem-me as dúvidas e a incapacidade de saber dizer-vos mais. Não sei os limites da alma, nem do amor que sinto pela minha profissão. Não sei do que professores, funcionários, alunos e pais e encarregados de Educação são capazes de fazer quando unem esforços para lutar pelas nossas crianças e jovens. Ali, na Atouguia da Baleia, concelho de Peniche passa um rio onde construímos uma Barragem. É um pequeno rio, um riacho que não figura senão nos mapas militares. É o Rio de S. Domingos.
Este rio, a nossa Atouguia, a sua Associação de Escolas, O Ministério da Educação com o seu tamanho todo, aquilo que outros são capazes de fazer muito melhor e com mais qualidade do que nós, tudo isto é um bocado daquilo que o Poeta dizia:
“O Tejo é mais belo belo que o rio que corre pela minha aldeia,/Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia/Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.”

Não nos faltem as forças, porque temos a coragem das nossas convicções.

Muito obrigado pela vossa paciência

sexta-feira, maio 04, 2007

LISBOA A política no seu pior. Nojenta. Obscena. Porca. Tão porca e nojenta que até se perde vontade de escrever. E que nos deixa a pensar em muita coisa... Um exemplo do que querem de nós os que nos vendem “gato por lebre”. Agora multipliquem “aquela coisa” por 300 e tal municípios. Quando olhamos para a forma como ocorre a promiscuidade entre "políticos-futebol-empreiteiros-poder", começamos a pensar que se isto é o que se sabe, o que não será o que não se sabe e se oculta naqueles gabinetes à porta fechada...
Quem é que acredita que estas coisas só acontecem nas grandes cidades? A experiência diz-nos que quanto mais pequeninos são os meios, mais sórdidos se tornam os homens e as formas de compra e venda de vontades.
Depois admiram-se que a pouco e pouco cada vez mais as populações se afastem da causa pública.

quarta-feira, maio 02, 2007

SOMOS RASTEIRINHOS...Maria Helena Vieira da Silva - "Bibliotheque en feu" (Centro de Arte Moderna da Fund. Gulbenkian)

- Fundação Chapalimaud a nível mundial na área da saúde
- Fundação Gulbenkian a nível mundial nas áreas das artes e da ciência
- Durão Barroso na Comunidade Europeia
- Freitas do Amaral Presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas
- Jorge Sampaio Alto Comissário das NU para a erradicação da Tuberculose
- José Mourinho nome incontornável no Futebol internacional
- António Gueterres Alto Comissário das NU para os Desalojados
- Paula Rego (Pintora) com obras nas mais reconhecidas Galerias internacionais
- Jorge Sampaio Alto Comissário das NU para o Diálogo das Civilizações
- D. José Saraiva Martins Cardeal) Prefeito da Congregação Para as Causas dos Santos da Cúria Romana
- António Damásio (Neurocientista) Chefia o Departamento de Neurologia da Universidade de Iowa
... e tantos, tantos outros que agora aqui de repente não me ocorrem e que são reputadamente reconhecidos nos meios internacionais. São só nomes de vivos. São grandes Portugueses. Com obra reconhecida. Com méritos indiscutíveis. Goste-se ou não deles. Aqui em Portugal a generalidade da população não lhes liga importância alguma. Se necessário for, por razões colaterais, dizemos horrores a seu respeito. Pior que termos nascido num pequeno país é sermos mentalmente pequeninos.