A minha proposta para este fim de semana é (re)ler Eduardo Lourenço. Sempre surpreendente e actual na análise. Dou-vos um cheirinho... EDUARDO LOURENÇO
Nasceu em S. Pedro do em S. Pedro do Rio Seco (aldeia beirã), a 23 de Maio de 1923, tendo acabado há poucos dias de perfazer 84 anos. Professor universitário, Ensaísta, filósofo, homem de letras. Licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas (1946), permaneceu na Universidade de Coimbra como assistente de Filosofia, entre 1947 e 1953. É nesse período que publica o primeiro livro Heterodoxia (1949). Foi professor de Cultura Portuguesa entre 1954 e 1955 na Alemanha (em Hamburgo e Heidelberg), exercendo depois a mesma actividade na Universidade de Montpellier (1956-58). Após um ano passado na Bahia ensinando Filosofia, viveu, a partir de 1960, em França, leccionando nas Universidades de Grenoble (até 1965) e de Nice (1965-1987). Com uma clara autoridade moral, foi-lhe atribuída a Ordem de Santiago da Espada em 1981 o Prémio Europeu de Ensaio Charles Veillon (concedido em 1988 por ocasião da sua obra Nós e a Europa ou as Duas Razões) no ano em que foi colocado em Roma como adido cultural português.
Nasceu em S. Pedro do em S. Pedro do Rio Seco (aldeia beirã), a 23 de Maio de 1923, tendo acabado há poucos dias de perfazer 84 anos. Professor universitário, Ensaísta, filósofo, homem de letras. Licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas (1946), permaneceu na Universidade de Coimbra como assistente de Filosofia, entre 1947 e 1953. É nesse período que publica o primeiro livro Heterodoxia (1949). Foi professor de Cultura Portuguesa entre 1954 e 1955 na Alemanha (em Hamburgo e Heidelberg), exercendo depois a mesma actividade na Universidade de Montpellier (1956-58). Após um ano passado na Bahia ensinando Filosofia, viveu, a partir de 1960, em França, leccionando nas Universidades de Grenoble (até 1965) e de Nice (1965-1987). Com uma clara autoridade moral, foi-lhe atribuída a Ordem de Santiago da Espada em 1981 o Prémio Europeu de Ensaio Charles Veillon (concedido em 1988 por ocasião da sua obra Nós e a Europa ou as Duas Razões) no ano em que foi colocado em Roma como adido cultural português.
De uma entrevista concedida à Revista “Pública” de 13 de maio de 2007 e conduzida por Luís Miguel Queiroz, a propósito da publicação do livro “As Saias de Elvira”, respinguei um trecho que explica muito do nosso ser português e por acentuadas razões, o nosso ser penicheiro.
“A história de Portugal é, de facto, singular. Os portugueses foram para todo o lado, mas nunca saíram, levaram a casinha com eles. Fizeram a mesma coisa na Europa. Salvo uma elite, que se preocupava com o que se passava lá fora – e imitava ou recusava -, a todos os outros foi a Europa que lhes chegou: veio por aí abaixo com os caminhos-de-ferro. A geração de 70 foi a primeira a dar-se conta de que, com o Sud-Express, a Europa lhe tinha chegado. Primeiro veio o Napoleão, depois algumas ideias e livros, e finalmente a Europa entrou materialmente por aqui dentro, como aconteceu em Espanha. Mas a nossa tendência é a de vivermos guetizados. Agora estamos todos, seja aqui ou na Patagónia, a ver o mesmo ecrã. É como o cosmonauta que viu a Terra de fora pela primeira vez. Só que agora a vemos na televisão ou na Internet. No entanto, a verdade mais profunda, é que a televisão serviu, sobretudo, para aproximar internamente o país. Vila Real e Bragança estão em Lisboa e vice-versa. O país está mais compacto. Mas, ao mesmo tempo, há uma auto-guetização. Veja um acontecimento como as qualificações académicas do primeiro-ministro, sem dimensão, sem interesse, nem dentro nem fora de fronteiras, mas que pode ocupar o país um mês inteiro. Isto numa altura em que se estão a passar no mundo coisas que interessam ao destino da humanidade. A televisão tem esta capacidade de estar em toda a parte, mas é um espelho que também nos pode reduzir à dimensão de um quarto de dormir. Estamos todos na mesma casa-de-banho. Continuamos numa ilha, agora com vistas para o mundo inteiro, mas que são só vistas. O que nos interessa mesmo é o que se passa cá em casa. Mais uma vez, o Eça ilustrou isto: “O que nos interessa é o pé da Luisinha”.
“A história de Portugal é, de facto, singular. Os portugueses foram para todo o lado, mas nunca saíram, levaram a casinha com eles. Fizeram a mesma coisa na Europa. Salvo uma elite, que se preocupava com o que se passava lá fora – e imitava ou recusava -, a todos os outros foi a Europa que lhes chegou: veio por aí abaixo com os caminhos-de-ferro. A geração de 70 foi a primeira a dar-se conta de que, com o Sud-Express, a Europa lhe tinha chegado. Primeiro veio o Napoleão, depois algumas ideias e livros, e finalmente a Europa entrou materialmente por aqui dentro, como aconteceu em Espanha. Mas a nossa tendência é a de vivermos guetizados. Agora estamos todos, seja aqui ou na Patagónia, a ver o mesmo ecrã. É como o cosmonauta que viu a Terra de fora pela primeira vez. Só que agora a vemos na televisão ou na Internet. No entanto, a verdade mais profunda, é que a televisão serviu, sobretudo, para aproximar internamente o país. Vila Real e Bragança estão em Lisboa e vice-versa. O país está mais compacto. Mas, ao mesmo tempo, há uma auto-guetização. Veja um acontecimento como as qualificações académicas do primeiro-ministro, sem dimensão, sem interesse, nem dentro nem fora de fronteiras, mas que pode ocupar o país um mês inteiro. Isto numa altura em que se estão a passar no mundo coisas que interessam ao destino da humanidade. A televisão tem esta capacidade de estar em toda a parte, mas é um espelho que também nos pode reduzir à dimensão de um quarto de dormir. Estamos todos na mesma casa-de-banho. Continuamos numa ilha, agora com vistas para o mundo inteiro, mas que são só vistas. O que nos interessa mesmo é o que se passa cá em casa. Mais uma vez, o Eça ilustrou isto: “O que nos interessa é o pé da Luisinha”.
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