MINHA NOSSA SENHORA DE MIM Miguel Angelo desenhou-te. Nossa Senhora das Dores, Nossa Senhora de mim.
Tens no colo os milhões que morrem de fome, de sede e da peste. Todos os deserdados da sorte.
Tens no rosto as lágrimas das crianças, das mães e irmãs que vagueiam no deserto do desespero e da infâmia.
Tens nos braços os viciados . Que não suportam a vida e se afastam dela vagueando entre o torpor e o sofrimento.
Tu és o bombeiro que morreu no fogo do ódio, e a mulher que vê morrer o filho sobre a bomba cega que não conhece quem mata.
És o doente sem esperança e a esperança dos doentes. És o prisioneiro sem remorsos e as suas vitimas inocentes.
És a fome dos que não têm de comer e o alimento dos que já não têm mais a perder.
Som dos surdos, olhos dos cegos, mãos dos amputados, pernas dos que não andam.
Tecto dos sem abrigo e roupa dos que não têm de vestir. Lareira dos que têm frio. Brisa fresca dos dias tórridos.
Minha Pietá das noites do meu sem dormir. Minha imagem difusa sempre presente no meu deambular sem sentido.
Minha Nossa Senhora da esperança e do das tempestades. Meu coração a bater Meu respirar este cheiro a mar. Meu porto de abrigo e minha amarra segura.
Minha qualquer hora, qualquer dia, qualquer sítio. Minha Nossa Senhora do sol. Minha Nossa Senhora de mim:
- A Paz!
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