quinta-feira, setembro 01, 2011

FOI EM SETEMBRE, INDA M’ALEMBRE…
Assim era o 1º verso de uma canção popular que uma figura mítica de Peniche cantava. O verso tinha que ver com uma paixão louca por uma mulher de sonho que aqui vivia nos idos de 50.
Agora já não existem cantores loucos, nem mulheres de sonho e inalcançáveis. Vivemos um tempo de faz-de-conta. Já não se canta e já não há musas. As ruas de Peniche já não vibram com a intensidade de outrora. As muralhas eram mais para impedir que para resguardar. Sair as muralhas era um acto de coragem. Aqui dentro, entre Cima e Baixo tudo acontecia sem que o tempo marcasse o ritmo. Entre “barcos de folha” e carros de “cana com rodas de cortiça”, entre cadernetas de cromos e bolas de bexiga, entre a escola nº 1 e a Ribeira, as coisas aconteciam devagar ao ritmo de um tempo que não existia.
Ficaram para sempre os gritos da Januária, o azeite da Virgilia, as mantas do Dr. Pitta, as granadas do Zé Xaviota, os jornais do Mala-Milas, as canções do Florindo. Aqueles de entre nós que partiram daqui, aqui retornam com os mesmos tiques com que atravessavam o Juncal para uma partida de futebol entre duas “companhias”. Somos os mesmos. Embora por vezes a vida nos faça esquecer isso. E quando contamos aos nossos filhos do prazer de dar um mergulho no Portinho do Meio é a paixão que nos envolve.
Foi em Setembre…

1 comentário:

jorge saldanha disse...

" inda m'alembre " do Florindo. Recordações que me vão ajudando a viver. É bom haver alguém que se vá lembrando e fazer com que recordemos esses tempos. É sempre bom passar por aqui.